quarta-feira, 16 de setembro de 2015

#vouserumavelhagaiteira

Se há dois anos atrás me dissessem que um dia iria acordar de manhã cedo ou acabar o dia bem tarde para fazer exercício haveria de me rir a bandeiras despregadas. Se nessa mesma altura me houvessem dito que um dia haveria de chegar a casa, desejosa de cozinhar coisinhas boas de que gosto, nem me daria ao trabalho de responder a tamanho disparate. Mas a vida e o mundo dão muitas voltas. E, como todas as paixões que nos apanham desprevenidas, que chegam quando menos esperamos, esta acabou por se instalar de mansinho e por se tornar numa forma de vida.
Andar de bicicleta levou-me a sítios onde provavelmente não teria ido de outra forma. Andar de bicicleta trouxe-me pessoas que provavelmente não teria conhecido noutros contextos. Andar de bicicleta mudou a minha forma de estar na vida. Trouxe-me a paciência necessária porque percebo que os resultados (por mínimos que sejam demoram a chegar). Trouxe-me um entendimento de mim que não tinha antes: a vontade de ir, fazer, arriscar. Trouxe-me contenção: nas palavras, nos actos, no deitar da toalha ao chão.
Não pedalo tanto quanto deveria. Não pedalo tanto quanto gostaria. Ainda estou a trabalhar a faceta psicológica que sustenta - mais do que a física! - qualquer coisa que façamos. E é também aí que me tenho deparado com as maiores dificuldades e com progressos muito menos palpáveis. Demoramos a conseguir mudar hábitos que fomos acumulando ao longo da vida, como tralhas que nos pesam. Estou a batalhar contra a vontade de parar quando me canso ou quando as coisas correm menos bem. E consigo fazer a cada dia mais um bocadinho. Cada km a mais é mais uma pequena vitória. Demora!, mas chego lá. Um dia chego lá. Que mais não seja porque me comprometi com o E. a acompanhá-lo num aventura e agora que remédio tenho senão ir. Não prometo acabar. Mas tentarei.

Queixam-se os que me rodeiam que de aficionada passei a viciada. Não! Nem pouco mais ou menos. A mania de querer contagiar os outros é tão somente a vontade de repartir as alegrias que nos chegam com alguma coisa de que gostamos tanto e nos faz tão bem. 

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