terça-feira, 31 de dezembro de 2013

O que se segue?

Em 2013 aprendi.
 
Aprendi a fazer coisas novas, novas técnicas, novas formas. Aprendi a trabalhar com novas dinâmicas e em novas circunstâncias.
 
Aprendi a cair de bicicleta com muito mais estilo, a controlar a respiração nas inclinações longas para me poupar a esforços, a fazer subidas totalmente em pé, a descer com mais técnica.
 
Aprendi a ouvir o meu corpo e a conhecer-lhe os limites. Aprendi que quando começo a pensar em laranjas é porque estou a ficar desidratada (esquisitices minhas!). Aprendi que o corpo trabalha mas a mente é que controla.
 
Aprendi a consertar uma persiana, a improvisar escadotes para mudar lâmpadas, a limpar o filtro da máquina de lavar.
 
Aprendi a fazer saladas deliciosas, a apreciar o sabor gelado de uma cerveja num dia quente.
 
Aprendi a marchar nos Santos (tentei, vá).
 
Aprendi a amar Lisboa.
 
Aprendi a não me importar que me olhem de lado quando me surpreendem na rua a trautear músicas de Natal (entre outras). O ar é de todos: ide mas é chatear o Camões, gente com ar carrancudo!
 
Aprendi a relativizar. Irritei-me imensamente. Barafustei como nunca. Reclamei até à exaustão (nomeadamente com a CP). Fiz birras monumentais. Cultivei, por assim dizer, o meu "bom" feitio. 
 
Aprendi a deixar os problemas à porta de casa, junto com a lama dos sapatos sacudidos no tapete.
 
Aprendi a rir-me de mim mesma, a divertir-me com as desventuras que, inevitavelmente, pautam os meus dias, a tirar partido do inusitado.
 
Aprendi que não é só nas adversidades que temos de nos revelar fortes. Ser feliz exige coragem. Ser feliz por inteiro, ainda que apenas por momentos, implica não ter medo nem hesitar. Ser feliz dá um trabalho do caraças! Podemos fingir sorrisos e boa disposição, mas não o brilhozinho nos olhos de quando estamos de bem com a vida.
 
Aprendi que há sempre lugar na nossa vida e no nosso coração para mais uma pessoa, para várias pessoas, com que nos formos cruzando, com quem nos identifiquemos, que nos façam bem.
 
Aprendi que os amigos se conquistam, se mimam, se preservam a cada dia. Aprendi algumas pessoas, prestando-lhes mais atenção, deixando que (se) me ensinassem.
 
Aprendi que nada se compara ao sangue, ao amor incondicional da família que me foi determinada pela genética.
 
Aprendi a lidar com a morte com uma perspectiva completamente diferente. Aprendi a aceitar – tanto quanto possível – o término de um ciclo, a inevitabilidade do fim; entendendo que quando cumprimos a missão que nos foi confiada podemos partir em paz.
 
Aprendi que nascemos e morremos sozinhos, por mais pessoas que nos rodeiem. Aprendi que há caminhos que percorremos a solo, sabendo-nos respaldados por quem nos quer bem.
 
Aprendi que a vida é feita de ciclos. De ciclos que precisamos de experienciar para alcançarmos novas etapas de forma mais madura. Talvez a partida da D., daquela maneira, que apesar de esperada me apanhou de surpresa, me tenha servido para aprender a viver a doença e a morte da Avó com tanta serenidade. Talvez as decisões que achava terem sido erradas me tenham trazido até aqui, depois de curvas e contracurvas, de muitos ziguezagues, mais inteira e mais consciente do que consigo fazer, de que fibra sou feita. Talvez ainda me esperem, num futuro, dias ainda mais duros do que os que já vivi. E que por lhes ter sobrevivido me ensinaram quem sou. É possível que graças a isso eu saiba futuramente encarar os dias maus como se fossem apenas menos bons.
 
Aprendi a não dar nada como certo. Aprendi que tudo é perecível e que não há certezas absolutas. E aprendi que, por isso mesmo, é preciso desfrutar de cada dia, tirar partido de cada momento.
 
Em 2013 aprendi. (Re)Aprendi a ser Feliz.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Natal é...

... a D. Imelda a ensaiar-nos para a peça da festa da escola. Estrear roupa nova no dia 25. Rever os tios e primos migrados. Marcar encontro com os amigos no Madeiro. Ficar com o badalo do sino na mão enquanto se toca, ao despique com a aldeia vizinha, a anunciar o nascimento do Menino. Beber chocolate quente feito pela Avó. A refeição mais despojada mas a mais deliciosa do ano: (para mim) só bacalhau, batata, azeite, couve e ovo à mesa. A mana a devorar bolo-rei e o pai a entupir-se com Ferrero Rocher. Andar pela casa, umas semanas antes, a esgaravatar todos os recantos para descobrir os presentes. Limpar a lareira antes de ir dormir para o Pai Natal poder descer. Ir à Missa do Galo com as mãos "safurnadas" e atrever-se a fazer uma leitura nesses preparos. Adormecer à lareira embalada pelas vozes de quem sabemos que nos quer bem. Ficar com o coração quentinho quando percebemos a alegria de quem desembrulha o nosso presente. Um pinheirinho verdadeiro, enfeitado com luzinhas de vidro, Pais-Natais e pinhas de chocolate. Um presépio com musgo fofinho apanhado por nós. A casa da Tia engalanada com luzes, árvores, coroas, renas, velas e fitas. A mana, pequenitita, a correr rua afora, de pijama e pantufas, a regressar de casa da Avó, arrastando um saco maior do que ela, carregadinha de prendas que o Menino Jesus nos deixou. Aprender a viver a quadra com o vazio que Nos deixaste no peito. Sorrir sem motivo e trautear musiquetas nataleiras só porque nos damos conta de que temos tanta gente na nossa vida a quem queremos bem, que cuida de nós... E hoje, qualquer que seja o dia, é Natal e vamos estar juntos.
Festas Felizes minhas pessoas!

sábado, 14 de dezembro de 2013

Indo eu, indo eu a caminho sabe Deus donde.

Queridos colegas das pedaladas lançam o desafio para o fim-de-semana. A mim pareceu-me uma ameaça dada a agenda que planearam, mas tudo bem, alinho. Não sei para o que vou. Ouvi as palavras "descidas", "capacete integral", "bike de enduro", "joelheiras",... Levo o número do INEM guardado nos contactos do tlm. Se o desgraçado não se partir nas quedas e eu ainda conseguir mexer os dedos para fazer a chamada cuido que ficarei bem. Encaro isto, como dizia o outro: "Com muita tranquilidade." E drunfadinha. Vou toda drunfadinha antes que me acobrade na primeira descida, o momento fique registado em fotos e, pior, o F. e a J. as vejam, arruinando-se para sempre uma reputação já de si bastante dúbia.
 
Sobre os queridos colegas, uma malta da paz, falaremos mais ódiante. Surpresas boas da vida, gente de bem, com quem coincidimos por mero acaso e que nos conseguem provar (ainda que sem o saber) que o karma is a bitch. Para o bem e para o mal.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

recomeçar

Julian Barnes, em Os Níveis da Vida divaga sobre a dor que o consumiu [ainda consome] após a morte da sua mulher, com quem esteve casado durante 30 anos, que era sua amiga, sua companheira, de quem sente a falta permanentemente. Discorre sobre o que implicou para a sua vida a morte dela.
 
Hoje pensava nisso - na morte dos que nos são queridos e na sua permanência em nós, na sua existência para além do fim, porque como ele diz «apesar de mortos ainda são».
A mim as pessoas não me morrem quando o seu coração para. Nem quando mo comunicam. Nem tão pouco quando vão a enterrar. As minhas pessoas morrem-me no meu regresso a casa, porque só aí me dou conta de que terei de continuar sem elas e, apesar de tudo parecer estar nos mesmos sítios, tudo mudará, tudo está já mudado. As minhas pessoas morrem-me quando tenho de voltar para a vida sem elas.
Desde que me morreste ainda não consegui voltar a tua casa. Ainda não foi desta que subi finalmente as escadas. Porque sei que ao passar pela porta não vais estar lá e, confesso, como quem não quer a coisa, tenho andado a adiar a tua morte.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Um dia começo a treinar para uma meia-maratona...

... o plano já está traçado. Para a semana é o dia!

As Tuas mãos.

O Anjo de loiça da minha Avó é o mais bonito da aldeia. Por isso, todos os Natais a mordomia do Menino Jesus costumava pedir-lho emprestado para pôr no cimo do Presépio da Igreja. Entretanto, em casa, Ela diligenciava para que o "nosso" presépio fosse o mais lindo. E era. Sempre foi. Com o musgo fofinho a fingir encostas, com a serradura a traçar os trilhos, com água e patinhos no lago, com a Banda Filarmónica, com o rebanho e os pastores, com os Reis Magos que todos os dias fazíamos avançar um pouquinho mais até à gruta onde nasceu o Menino, com o pratinho para a "esmola". Este ano não há presépio. Mas do que realmente sinto saudades, mais do que do presépio engalanado da Avó, é da árvore. Da Árvore da minha infância. Modestíssima, quase sem bolas, quase sem fitas, com umas luzitas trémulas, verdadeira, escolhida por ela, cortada no campo e com as pinhas e os Pais-Natais de chocolate para os netos, pendurados, a enfeitá-la. Ah, e das Tuas mãos. As saudades que tenho das tuas mãos dedicadas que obravam essas pequenas maravilhas.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Pior que ser burro é mostrar que se é burro!

A senhora, entretida a escolher uns fios e umas merdalejas com penduricalhos, com ar espalhafatoso e bem disposto falava com sotaque brasileiro. Entre outras coisas ouvi-a dizer "Quando a gentji regressá ao Brasiú lá vai está Verão" ou "Lá a gentji não encontra coisas destas". Mesmo assim a mecatrefe que estava a atender a clientela saiu-se com esta pérola: "Ai, mas a senhora é brasileira, é?". Dessa é que eu não estava à espera! Esmagou-me logo ali com tal constatação. A tal da brasileira, mais admirada ainda do que eu, ficou pasmada e só conseguiu balcubiar um "é"! Brasileira? Não filha de Deus! Aquele sotaque era só para disfarçar. Bem se via pelo mandarim em que se expressava que a senhora era alemã! Oh lord! Que atraso de vida esta miudagem tão descerebrada!

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Porque é que nunca poderia ter sofrido de bullying?

Em primeiro lugar porque no meu tempo andar à porrada no recreio se chamava andar à porrada no recreio. Para além disso éramos, apesar de ruins como todas as crianças, ingénuos, meninos da aldeia sem qualquer maldade e nunca me lembro de nenhum colega me ter ofendido por aí além, física ou psiquicamente. Maneiras que naqueles gloriosos tempos em que me foi dado ser criança as coisas tinham o nome que tinham, resolviam-se com uma chapada providencial aplicada por mamãe na hora certa e a hiperactividade não carecia de medicação e tão só daquele olhar fulminante do meu pai.
Acresce a tudo isso que tive uns progenitores que, desde cedo, trataram de me preparar para as agruras da vida. Papai, por exemplo, sempre fez questão de me relembrar que apesar de todos os predicados que me foram gentilmente atribuídos pelo Criador, para o resto da vida teria de conviver com o facto de ter umas orelhas do tamanho de um pires ou de uma folha de alface. Ipsis verbis. Querido que é o senhor, hein? Não, não sou uma Dumba, não tenho orelhas exageradamente grandes ou salientes. Aludo muitas vezes a esse facto em tom de brincadeira, mas não é por isso que apanho poucas vezes o cabelo. Na verdade não o uso o cabelo atado mais vezes porque salienta ainda mais o meu já de si compridérrimo nariz. Ódiante. Não obstante a maldade que a constatação crua de papai implicava, longe de ter feito com que crescesse complexada (nadinha!), ensinou-me uma valiosa lição: se o meu próprio pai me diz que tenho umas orelhas de alto-lá-com-elas, que mossa me faria que um meia leca me viesse cuspir essa verdade nas fuças em pleno recreio? A resposta imediata para quem se atrevesse a realçar tal facto era-me óbvia: "E só reparaste agora? Não vás tratar esses olhos, não, oh pitosga!"

Posto isto: eu sei que amais os vossos filhinhos e que é vossa obrigação apoiá-los nas suas ambições e persecução de sonhos e tudo e tudo, mas atentai nisto: quando os miúdos acham que cantam bem mas na verdade soam a gatos a ser esfolados vivos não devíeis permitir (quanto mais encorajar) a sua participação em programas televisivos. Se - melhor dito: quando - no dia seguinte forem achincalhados na escola não se tratará de bullying mas tão só e apenas de constatações a que os miúdos poderiam evitar ter-se exposto se calhassem de terem pais idiotas e sarcásticos como os meus.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

As primeiras do ano.

 
Souberam bem, mas... falta a lareira e o narizito frio para saberem ainda melhor!

terça-feira, 15 de outubro de 2013

15 de Outubro de 1922 - ...

 
 
 
«O país não precisa de quem diga o que está errado; precisa de quem saiba o que está certo
 
Agustina Bessa-Luís

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

E o desnorte continua!

Decidi, depois da desventura de hoje, que vou começar a ser uma pessoa mais orientada. Começa a ser um caso de segurança pública, que me mexe com as economias e me dá cabo dos nervos. Enquanto teve piada deixei passar mas agora que me começou a mexer com o bolso não acho gracinha à brincadeira. Já aqui falei do dia em que o primo P. marcou encontro no Pinhão e eu liguei toda pimpona... do Pocinho. No extremo oposto, portantus. Também não passou despercebido aos mais próximos o quase não-regresso de terras de Sua Majestade à cause de ma desorientation - estava a ver que tinha de lá ficar, que maçada! A última foi marcar um encontro com o titio lindo a dois passos do emprego e, sabe Deus como, ter ido parar ao outro lado da cidade. Uma viagem que a pé me ficaria em 10 minutos saldou-se em sete euros (tão chorados que já foram!) de táxi na viagem de regresso dos cafundéus onde achei que o iria encontrar. Mas o pior do saldo negativo nem é o dinheiro: foi a cara de parva a olhar para os Polícias incrédulos com a minha monumental confusão. Sem ofensa, mas se fosse ceguinha, surda e muda não me teria perdido tanto!

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Somos tão... pequenininhos!

Bem pode mudar o sô presidente da Câmara ou o da Junta. Enquanto houver quem, de entre nós, insista em se considerar mais esperto do que os outros - e tenha desplantes obtusos como passar à frente das pessoas nas filas - continuaremos a ter o país que merecemos. Ou que alguns de nós fazem por merecer. E depois queixem-se dos políticos. Corja por corja...

sábado, 28 de setembro de 2013

Já é Outono?

A luz do sol reflectida no mar espelhado deu lugar ao branco da espuma das ondas encrespadas. Insisto em não me invernizar já. Teimo em prolongar a Primavera. Chove lá fora e apetece o quentinho da lareira. Mas ainda não é tempo. Só mais uns dias de sol, que nos aqueçam o corpo e acalentem a alma. 
 
 
 

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Porque é que sou a favor de se privatizar tudo e mais alguma coisa, a começar nos CTT e a acabar no Estado?

Porque, definitivamente e sem sombras de dúvidas, nós temos o país que merecemos! Ai temos mesmo.
Cenário: cuidáveis vós que eu vos andava a endrominar com a historinha de enviar coisas para Timor, mas não era brincadeira. Tirei-me de cuidados, alevantei-me cedíssimo, fiz as ditas compras e fui aos CTT enviar as coisinhas para serem distribuídas por quem mais precisa delas. Carregada com mil e uma caixa, não tive outro remédio se não, à boa maneira bertolda, enfiar o xizato que a funcionária me emprestou no bolso de trás das calças para libertar as mãos. Nunca mais me lembrei dele e foi nessas figuras [com um xizato tamanho XXL, cor de laranja florescente a querer cair do bolso dos jeans] que fui apanhar os transportes e que me andei a passear pelas ruas da cidade. Ora, chegada a casa dou-me conta do aparato e pensei logo em ir devolver o dito cujo. A questão que se coloca aqui é: eu até estou precisada de um xizato, que é coisa para dar jeito lá por casa e no trabalho. Já o mesmo não pensa a senhora a quem o tentei - notai: tentei! - devolver, que insistia que poderia ser engano. Sim, tinha um a mais em casa e vim doá-lo! E insistia que não era dela. Pois não, não era! Era de todos, porque era dos CTT. Se fosse numa empresa privada, se ela mesma tivesse comprado o seu material como eu tive de fazer apesar de trabalhar num organismo público se calhar estimava-o e provavelmente dava conta que ele tinha sumido. É só um xizato, mas se multiplicarmos por todas as alminhas que acham que o material da empresa não é de ninguém temos como resultado o belo buraco orçamental. E quem diz xizato diz gasolina, diz carros, diz viagens e o diabo-a-quatro! Porque o que é do Estado é de todos, mas só quando é para receber. Quanto se trata de perceber que quando lesamos o Estado é a nós mesmos que estamos a lesar parece que as contas são complicadas de mais para se fazerem de cabeça!

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Estratégias técnico-tácticas-coiso para este Inverno.

Discréééto que é quero só ver quem é que vai ter cóóórááge de me roubar o meu guarda-chuva este ano.



quinta-feira, 19 de setembro de 2013

De trotinete não haveria de fazer pior figura.

Não me posso queixar da vida quando sou eu quem teima em complicar. Não posso  mesmo. Tudo seria bem mais simples se eu me contentasse com o básico. Mas não! Nasci assim com aquela pirraça do "The best or nothing" (pelo menos em alguns casos, porque noutros... bem, digamos que eu tenho umas chanecas como as da Madre Teresa e considero-as sapatecas de griffe). Adiante. Quando gosto e quero é aquele(a) ou nenhum(a).
Por estes dias, tímida que sou, meti conversa com uma maltosa e travei amizade com um grupo de pessoas pedaleiras. Dá-se o caso que lá por casa andam uns sapatos de ciclismo a precisar de ser usados. E várias luvas. Um capacete. Óculos e calções também tenho. Até jerseys arranjei. Mas bike nem vê-la. Estou tipo apeada. E porquê? Porque meti na cabeça - na cabeça não!, no coração, que uma certa menina há-de vir morar comigo e havemos de ser muito felizes. Pois senhores, desde que estes olhos lindos bateram naquela preciosidade deu-se assim uma espécie de epifania, um enamoramento assolapado. Depois dela mais nenhuma se lhe compara e mais nenhuma me enche as medidas. E tudo seria tão mais perfeito se não fosse dar-se o caso de a dita cuja custar mundos e fundos. Credo! Ca roubalheira! Mas como me convenci disso e dali ninguém me tira, quero só ver quando é que a compra se efectiva dado que a coisa não está para brincadeiras! Obviamente já tive de bater as pestanas à Gato Shreck para alguém do grupo me emprestar uma para ir treinando nos entretantos. E como a vergonha não tivesse sido suficiente ainda tive de responder à pergunta "Como estamos de forma?" Como estamos? Gelatinosas, f'lhinho, que eu cá não tenho feito nenhum a não ser estar sentada a escrever e escrever a fim de sustentar o vício e ver se me pingam uns trocados extra para finalmente carregar na tecla do "send" na página das encomendas! Sofro. E nem vós sabeis quanto.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

De sábio e de louco todos temos um pouco. #1

Ouvido numa superfície comercial, daquelas «chique a valer».

- Porra! 5€ por uma garrafa de água?! Mas quê? Alguma virgem lavou a pássara com ela?

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Não é para quem quer, é para quem pode!

Depois de rumar a casa e de me ter assustado com uns quantos modelitos justos - mais que justos: atarrachados! - prontos a arrasar nas Festividades da terrinha, não se me apraz mais nenhum comentário que não seja o que se lê abaixo.
 
 
 

domingo, 1 de setembro de 2013

Tal & Qual #6

«Calo doloroso ganha-se na alma, aquela parte de nós onde constantemente embate a malvadez alheia, a malquerença, a inveja [...]. Dá-nos Deus possibilidades imensas, campo de sobra, um Sol que a todos aquece, mas nem isso aquieta os mesquinhos, roídos de ciúme pela serenidade alheia, o pão que o outro come e a alegria que mostra, o descanso que ganhou
 
J. Rentes de Carvalho

sábado, 31 de agosto de 2013

Aforismos cá dos meus.

A leitura está para mim como a lasanha para o Garfield. Não é que consuma doses massivas (antes fosse!) mas detesto, odeio, abomino que me interrompam quando estou a ler. Fico piurça!

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Sherlock de trazer por casa.

Volta e meia os meus dias ganham outro colorido pela mão de pessoas que nem conheço e que acham por bem partilhar comigo as suas divinais teorias.
 
«Eu esitve a pensar, menina, e olhe que para os fogos começarem a horas tão impróprias, aquilo só pode ser obra dos terroristas. Que eles estão em todo o lado, não é só na América!» Como diz a D. a questão das horas impróprias deve-se, certamente, ao jet-lag.
 
«Porque eles estão sempre a dizer na Televisão que aquilo é obra de pessoas que são doentes mentais. Ora, não hão-de ser todos doentes mentais. Eu cá não sou. A menina também não é, pois não?» Quanto a ele não sei, mas no que me diz respeito ainda está por confirmar e aguardo o resultado dos exames médicos.
 
«Eu até disse ao Senhor Comandante dos Bombeiros: vocês não têm mais remédio que não pegar nos carros, nos camiões e irem os Bombeiros todos deste país, manifestar-se para a frente da Assembleia da República! Mas o Senhor Comandante disse-me que nesta altura, com tanto para fazer, não se podem pôr com essas coisas. E as pessoas, das aldeias e assim, até podem levar a mal não, é
 
Como dizia a minha avozinha: cada cabeça sua sentença. Eu tenho para mim que este senhor a comandar os destinos do país durante um par de dias era coisa para não resolver nada, mas que animava a malta garanto que animava. Só eu e Deus é que sabemos a dor que se me pôs no externo ao tentar controlar as gargalhadas sonoras que a conversa do senhor me merecia.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O Tio Mateus.

A neura que me causava, senhores!, eu a querer ver TV e ele a ressonar, tipo caterpillar em trabalhos de desaterro. A fingir um tropeção lá lhe batíamos no ombro. Outras vezes, brincadeira de meninos, atirava-lhe com o chapéu. Acordava. Era ainda pior! As perguntas: Quem é este que está na televisão?, O que é aquilo que acabam de mostrar? Eu a atirar olhares que eram dardos certeiros aos meus pais que nada faziam para aliviar o meu sofrimento. Depois aquela mania de se sentar mesmo em cima da lareira, privando-nos parcialmente do calorzinho que emanava das chamas e ainda perguntando porque tínhamos nós calor se ele estava tão quentinho. E, às duas por três, aí o tínhamos, novamente a ressonar. Quem se não o Tio Mateus? Com o tempo amadurecemos ambos. Ele a caminho do "outono do patriarca" (como no livro do Márquez), eu a caminho da Primavera florida da juventude. Aprendi a desfrutar das conversas, a gostar da companhia, a achar graça às perguntas de uma pessoa com parca instrução. Contou-me que um dia, cansado de andar de mota para aqui e para ali «a fazer negócio», decidiu que estava na hora de tirar a carta de carro. Do dizer ao fazer foi um tirinho e mal se deu conta estava de abalada para Lisboa. A capital deslumbrou-o com o fervilhar de vida nas ruas, com os carros nas avenidas, com as moças bem vestidas e os senhores arranjados com quem se cruzou. Teve a primeira aula. Regressou a casa no dia seguinte. «Que a confusão era muita, que era só carros a cruzar de um lado e de outro, que não se podia dormir na Pensão com tanto carro toda a noite a fazer barulho nas ruas...» Imagino o bulício que deveria ser Lisboa nos anos quarenta. Uma Nova Iorque, pela descrição! Suponho que ter tido um acidente no primeiro dia de instrução nada tenha a ver com o facto de ter antecipado o regresso. No dia em que me contou isso, nos dias que se seguiram e me relatou tantos outros episódios que me arrancaram sorrisos e até gargalhadas, creio que entendi finalmente que as pessoas, todas as pessoas, têm em si riquezas imensas, histórias várias, sentimentos, tudo partilhável. E percebi que a impaciência que me causava aquela presença, outrora imposta e agora desejada, se justificava pela minha meninice. Da mesma forma que, suponho, muitas vezes o devo ter irritado, incomodado com as minhas brincadeiras de miúda.
 
Era um homem forte, de aspecto rude, dos que a gente não vê pisar a soleira da Igreja mas de quem intui que em privado vai acertando as suas contas com Deus. Com um coração bom que deixava entrever de quando em vez, em raras ocasiões. Sei, pelo meu pai e tios, que era na casa dele que encontravam sempre a gaveta do pão cheia de fatias à espera dos miúdos esganados de fome, que pela Páscoa lá lhes tinha umas botas novas e pelo Natal as laranjas costumeiras. Dele contava-me o pai que sempre fora brioso, que gostava de andar arranjado, de usar fato em ocasiões especiais. Anos mais tarde, quando doente, o pai fazia questão de o escanhoar, como se ter a barba feita e apresentar-se aprumado lhe conferisse mais dignidade na doença. Gostava da mãe como de uma filha que nunca teve e de mim e da mana como se netas fôssemos. Quando estive na Faculdade, a cada abalada despedia-se em tom despachado, como quem não dá confiança. Mas não arredava pé lá de casa enquanto a mãe não lhe dissesse que já tínhamos chegado a casa e que a viagem correra bem.
 
Morreu. Inesperadamente. Os sobrinhos levaram o caixão em ombros e quando o desceram à terra creio que vi o meu pai chorar pela primeira vez em público, dizendo ao meu tio: «Era como o meu pai». E eu chorei também porque percebi o quanto era querido por alguns de nós, como se parecia impor nas nossas vidas quando afinal esteve sempre naturalmente lá. As primeiras memórias que tenho de mim, de todos é com ele também, ainda na cozinha de cima, sentado em frente à TV, com aquele grosso casaco que me lembro de lhe ter conhecido toda a vida a cobrir-lhe os ombros e... a ressonar. Que nervos me causava então, interrompendo com aquela chinfrineira a novela das nove. Como poderia eu saber que nunca comprou uma televisão para a casa dele porque essa era a forma de estar mais vezes connosco, a sua família, de tomar conta de nós, sempre vigilante, sempre atento, no seu jeito de ser curioso; que essa era a forma de estar connosco, que éramos mais jovens e tínhamos coisas para lhe ensinar e com quem podia rememorar carolices dos seus tempos de juventude?
Há-de estar a fazer anos que nos deixou. Quando for a casa eu e o pai já combinámos ir tratar-lhe da sepultura. Não faz sentido que um homem brioso como o senhor esteja lá naquele aparato, desarranjado. Saiba que me causou vários ataques nervosos, mas sempre que, como hoje, me lembro de si, - e olhe que são muitas as vezes - tenho imensas saudades suas, ti'Mateus. E até de tudo o que não teve tempo de me contar.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Família: uma Gaiola ou um Ninho?

 

O melhor d’ A Gaiola Dourada não são as interpretações maravilhosas de um punhado de actores soberbos, de onde se destaca a Rita Blanco.
O melhor d’ A Gaiola Dourada não é estarem lá escarrapachadinhos de modo divertido todos os estereótipos e todos os preconceitos que teimamos em cultivar em relação aos emigrantes.
O melhor d’ A Gaiola Dourada não são os cenários exagerados, onde abundam as Nossas Senhoras de Fátima e os Pastorinhos, os emblemas do Benfas e as bandeiras nacionais, bem ao jeito da «ditadura do General Alcazar» - Fado, Futebol e Fátima.
O melhor d’ A Gaiola Dourada não é o argumento que joga com a língua, divertido, sensível, que emociona e diverte, que põe a nu fragilidades das relações e da condição humana.
O melhor d’ A Gaiola Dourada é ver na tela a minha própria família. Reconhecer na personagem da Rita e do Joaquim os meus próprios pais: altruístas, trabalhadores, esforçados, com uma vida construída a pulso. Ver na personagem da Maria um pouco de mim mesma: espaventosa e desbocada. Ter um déjà vu na cena das almoçaradas de família, rebuliçosas, barulhentas, de mesa farta e com toda a gente a falar alto e ao mesmo tempo. Talvez por isso - por o melhor d’ A Gaiola Dourada ser um pouco o retrato  estereotipado e exagerado de mim e dos meus, das formas enviesadas de gostarmos e de tomarmos conta uns dos outros e por isso me ter deixado a pensar no verdadeiro sentido de se ter e se ser uma família - saí da sala de cinema de sorriso nos lábios. C’est si bon!


sábado, 24 de agosto de 2013

Lar, doce lar.

Pode ser um espaço, uma pessoa, uma música, um livro, um quadro, um filme, uma frase, um gesto. Sentir-se em casa é esquecer-se de tudo e saber-se feliz quando se chega a um lugar, quando se abraça uma pessoa, quando se ouve uma música, quando se lê um livro, quando se contempla um quadro, quando se vê um filme, quando nos dedicam uma frase, quando têm um gesto para connosco.
Sentir-se em casa e pleno/a pode ser muitas coisas diferentes. E sabemos quando A encontrámos porque ecoa no nosso coração e nos preenche. 
 
 
 

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Post carregadinho de statements que têm tudo para gerar polémica e me condenar às caldeiras de Pêro Botelho!

Às vezes gostava de ser uma daquelas pessoas de ideias arreigadas e de ideais ainda mais vincados. Daquelas que apostam tudo no vermelho mesmo que a probabilidade seja sair preto. Das que estão de um dos lados da barricada e não cedem milímetros ao inimigo seja a que preço for. Mas conheço bem os perigos do fundamentalismo. E, por norma, sei que a tolerância mais facilmente se pratica se formos capazes de nos colocar no lugar dos outros. Em várias matérias eu sou das que se senta no muro e desfruta do melhor dos dois espectáculos. É o caso das Touradas. Sentadinha em casa, no remanso do lar, sou dada a apreciar a lide dos forcados. Gosto dos piquenos ali, de peitaça feita, a encarar de frente o bicharoco. Depois, a páginas tantas aquilo enfastia-me porque bem vistas as coisas parece-me que são apenas uns cavaleiros a espicaçar o animal. Mudo de canal e vou à minha vidinha sem sequer me lembrar mais do bicho nem dos homens.

Eu tenho amigos aficcionados, daqueles que vibram, que dominam a terminologia tauromáquica e que consideram a tourada um espectáculo nobre. E também tenho uma irmã e um cunhado que só de se falar nisso mudam de cor, afiam as farpas e dá discussão (saudável) na certa. Convivo bem com pessoas que adoram e com pessoas que detestam. Eu tenho a minha convicção, acato as alheias, vivo com aquela com que me sinto melhor. Não entro sequer em discussões dessa natureza porque não me consigo posicionar nem contra nem a favor.
 
Ontem tive a oportunidade de ir a uma tourada digna desse nome, em espaço próprio, ao vivo e a cores, ainda por cima em lugar VIP. Eu sempre dissera que "a gente não devemos morrer estúpidos" e que gostava de um dia poder experimentar assistir a um espectáculo tauromáquico. E a Maria lá foi ver como a coisa se processa.
À porta do espaço um grupo de manifestantes armaram a chinfrineira típica. No entanto, deixo a nota, ninguém foi achicalhado e foi tudo pacífico. Entretanto hoje li alguns blogs, por curiosidade, e deixai que vos diga que há muito defensor dos animais que fica a dever muito à educação! Uma vez lá dentro percebi um bocadinho melhor aquilo que me tinham dito da "mística". Peço perdão pela fraca comparação mas já estive em alguns santuários, até na Catedral (o meu pai fez questão!) e o que senti ali foi um bocadinho o que senti nos outros locais míticos: quer se acredite ou não há uma aura, um ambiente, um respeito pelos que acreditam e se entregam. Não importa se é por motivos religiosos, desportistas ou tradicionais. A abnegação, a entrega a uma causa sempre me mereceram respeito. E foi com essa postura que ontem pisei aquele recinto. Que mais não fosse porque ao ver um bicho que é uma autêntica bizarma a apenas meia dúzia de metros de mim, ainda que protegida por uma barreira, sente-se obrigatoriamente respeito. Depois o silêncio antes de cada pega: o nosso, da audiência, em expectativa; o deles, homens destemidos, a encarar o touro. Impactante é o mínimo que se pode dizer daqueles instantes. 
 
Quanto ao sofrimento do animal prefiro não me alongar em detalhes e considerações que sei não recolherão unanimidade. Dado que não sou uma pessoa animaleira, pese embora seja incapaz de tolerar maus tratos a animais, ver o toiro com as farpas espetadas não me repugna por aí além [sim, já tenho as malas aviadas para me pôr a caminho do Inferno]. Ainda por cima ontem pude confirmar (e bem perto) que os touros não derramam aquele mar de sangue que os defensores dos direitos dos animais denunciam. Eu já ouvi vacas a parir, já as vi sofrer enquanto lhes cortam os cornos e posso afiançar que ontem nenhum dos animais esteve em momento algum em sofrimento profundo. Mas entendo que haja quem considere uma prática bárbara. E até assumo que assim seja, mas mais por ser gratuita e menos pela violência em causa.
 
Se adorei? Não. Se me arrepiei em alguns momentos? Sim. Se me entusiasmei com as pegas? Imenso. No entanto, como diria o Afonso da Maia foi uma «má estreia, péssima estreia». O primeiro grupo de forcados teve uma pega difícil, o forcado foi pisado pelo touro e ficou inanimado por longos minutos. A violência daqueles segundos impressionou-me deveras. Os restantes companheiros, visivelmente afectados, continuaram como puderam. A audiência murmurava entre dentes e rememorava acontecimentos trágicos semelhantes. A minha vontade foi sair de imediato dali. Não lido bem com a ideia de que "the show must go on" quando um deles pode ter o futuro comprometido por uma lesão vertebral irreversível. Acerca disso, nos blogs que referi anteriormente, pude ler críticas que apontavam dedos aos organizadores e que usavam como argumento as lesões de um forcado contraídas no ano anterior, quase defendendo o rapaz, quando na altura estavam em campos opostos da batalha. Caríssimos, ontem um desses rapazes esteve lá, para receber uma merecida homenagem, e creio que isso é mais do que simbólico e diz muito das convicções daquela gente. Podemos concordar ou não, mas devemos-lhe respeito. Afinal de contas, não esqueçamos que os motivos que originaram o aparecimento dos Grupos de Forcados se prendem com a defesa do Rei, com a valentia dos homens que se batiam contra os animais para defender uma pessoa.
 
Se quero voltar lá? Tão cedo não! Se sou a favor de touradas? Não sou contra. E tiro o meu barrete aos Forcados. É uma daquelas coisas que não se explica. Sente-se. E ontem, a intensidade que se vivia nas barreiras foi das coisas mais fortes que já senti.
 
 
 

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Dicionarizar #2

Se há coisa de que gosto é das expressões semi-inventadas ou caídas em desuso mas frequentes entre a família. Há termos que são absolutamente nossos, maioritariamente da autoria de papai e funcionam que é uma maravilha porque todos (incluindo os amigos) sabemos o que significam. Apesar de ser um linguajar próprio e comum entre nós, há sempre expressões novas e quem me consiga fazer engasgar de riso enquanto almoço, como sucedeu no domingo passado.
 
Mamãe: Sabes o fulano X, aquele da terra Y?
Titio: Hmmm... gosto pouco. É dos que tem três pelo no cu como as rãs!!
 
 
 
TRADUÇÃO: O fulano X deve dar-se a ares porque ter três pelos no cu como as rãs é sinal de sobranceria. Por esta ordem de ideias fiquei a pensar quantos pelos no cu, salvo seja, terá a rã do Mourinho...

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Tal & Qual #5

«Mais importa a serventia que as coisas têm do que o nome que lhes damos

José Saramago
O Ano da Morte de Ricardo Reis

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Uma boa notícia por dia, nem sabe o bem que lhe fazia. #1

"Australiana volta à vida depois de passar 42 minutos clinicamente morta."
 
E porque nem tudo são notícias de bombistas e atentados e incêndios florestais descontrolados; porque há gente maravilhosa a trabalhar no durinho para melhorar a vida dos outros, o relato do espectacular salvamento aqui.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Se as críticas rendessem Portugal saía da crise em dois tempos.

Por motivos superiores - como certos festejos que exigem a minha total atenção e me deixam prostradinha por dias e dias - não tive o (des)prazer de assistir atempadamente à entrevista ao outro moço que é amigo da Pamela e nada em dinheiro. Mas como na net se armou um sururu do tamanho do Grand Canyon inteirei-me rapidamente da confusão que se instalou. De todos os lados e de ainda mais algum soltaram-se vozes estridentes a apelar ao enforcamento da senhora, à chacina em praça pública. Por mim, tudo bem. Adoro um bom massacre! E se é para falar mal esperem por mim que sou um talento nato. Acontece que, e agora mais a sério, caímos no mesmo erro em que, enquanto povo unido que somos, teimamos em incorrer repetidamente: generalizamos e embandeiramos em arco. Das duas uma: ou havia por aí muito ódio escondido contra a Juditinha ou então está tudo a ver se cai nas boas graças do milionário. Se a entrevista foi um asco, despropositada, com ataques infundados, sim senhor, manifestemos desagrado. Se, eventualmente até temos o dom da escrita e somos dados à laracha, façamos um post scriptum a achincalhar o modelito da senhora. Agora, atacarem a vida pessoal da Judite, o casamento, a figura, pondo em causa todo o seu percurso profissional só porque somos dados a papar grupos já são outros quinhentos. O rapaz respondeu à altura. Ela retractou-se e admitiu todas as falhas que lhe foram apontadas. Ninguém ficou mais informado mas muitos certamente ficaram mais ressabiados por verem que há quem tenha mais dinheiro que eu sei lá o quê. Um mau momento televisivo. Não passou disso. Portanto escusais de vir já com as forquilhas em riste a caçar a bruxa que ao parecer defender os pobres acabou por dar a ideia de atacar o desgraçadinho do milionário.
Pelo sim pelo não eu estou a organizar um sindicato que zele pelos direitos dos pedintes e vagabundos. Estou ansiosa para saber quem, depois da Pepa, da Jonet e da Judite, vai ser o próximo alvo dos fiéis escudeiros dos pobrezinhos. 

domingo, 18 de agosto de 2013

Manual de sobrevivência às festas do Agosto na terrinha.

Quais gnus, andorinhas ou avecs, chegado Agosto, inevitavelmente, o grupinho da maltosa ruma à santa terrinha para a desgraça colectiva. Desde as mesas fartas e bem regadas, às solas gastas nos bailaricos, passando pelo internamento colectivo na ala de transplantes hepáticos, as Festas são, todas elas, caso de sério estudo antropológico. Mas como me falte o tempo para tal investigação e dado que o soro no braço não facilita a redacção limito-me a algumas regras básicas para sobreviver a esses dias tenebrosos.
  • Se calhas de ser professora e por acaso as desnudadas dancenetes que se abanicam no palco forem tuas alunas, dado que também elas te viram a ser transportada de carro com os pés fora do vidro visivelmente animada e já sem sede, aplica-se a milenar regra de que "o que acontece in VM stays in VM".
  • Há, invariavelmente, entre o público quem cante efectivamente melhor do que aquela ave rara agarrada ao microgaitas em altos berros. E, na volta, está disposto a desfiar o repertório Tony-Carreiriano à borliú e em versão afinadinha. 
  • A única ocasião em que não pareceremos rebarbadas por pedirmos que a vedeta nos assine o colo ebúrneo (no caso das restantes amigas é bem moreno, que eu sou a única copo-de-leite) ou que faça um filho a uma de nós (com quem por acaso a vedeta até vive) é se essa criatura, imbuída de grande espírito altruísta (também conhecido entre nós por Sagres), achar por bem subir ao palco e deleitar-nos com uma voz de rouxinol. 
  • Se um senhor de idade mas com ar respeitável te perguntar "a menina dança?" por menos que te apeteça, acede ao pedido. E se porventura o tal senhor fizer questão de dançar bem agarradinho enche-te de paciência e pensa que, a avaliar pela idade, há décadas que não deve ter oportunidade de sentir um busto decente que não lhe dê pelo umbigo. 
  • Havendo um cromo que não deslarga e ronda o osso à espera de nos vencer por exaustão só há uma coisa a fazer: dependendo do tamanho do marmanjo ou lhe aviamos uma porrada com a mala ou o liquidamos com um: "filhinho, tu não terias dinheiro que chegue para me pagar e de graça nem o cão trabalha". A cara aparvalhada com que ficam dá um toque final perfeito ao episódio.
  • Há sempre um bêbedo, com borbulhas na cara, menos dez dentes do que as outras pessoas, de pipo saliente, a dançar de modo frenético e que, inevitavelmente, acha que é boa ideia convidar-te para dançar. É atirar-lhe logo com um "Je comprends pas ce que vous me dites, monsieur" ou, em caso de maior impaciência uma versão mais breve: "Antes dá-la aos pássaros, carééédu!"

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

"Se perguntarem por mim, digam que voei."

Andorinha
As andorinhas são um grupo de aves passeriformes da família Hirundinidae.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.



 
 
Ir. E voltar. Sempre. Porque nos está no sangue. Porque o apelo que flui pelas nossas veias é mais forte do que qualquer outro chamamento.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

With love, from Timor!

O Bruno, não vamos estar com rodeios (mas já exagerando, como é meu apanágio), era o tipo de miúdo por quem não dava nada. Educado, asseadinho, boa gente, honesto, mas mais interessado em futeboladas e miúdas giras do que em se agarrar aos livros. E, a menos que se viesse a tornar num Ronaldo - feito difícil de alcançar dado o reconhecido gosto pela MinE e pela rambóia -, eu cá temia que aos entrarmos nos trintas o Bruno andasse por aí a espalhar magia mas sem rumo traçado. Mas como "muito se engana quem cuida", as contas saíram-me furadas. Não só deu em estudar seriamente como teve a desfaçatez de acabar o mestrado ainda antes de mim. (E que orgulhosa fiquei de ti, miúdo!)Pior: tornou-se um profissional daqueles com que dá gosto trabalhar. A pessoa, essa, continuou como antes. Minto, como antes não. Melhorou, se cabe. Amigo de todas as horas, atento e carinhoso, de sorriso fácil e de trato incomparável. Não é por ser meu amigo que o digo, mas o Bruno (e os seus outros milhentos amigos bem o podem atestar) tem um coração grande, enorme, gigante e é uma pessoa como já não se fazem.
 
Não, o Bruno não está com os pés para a cova. Alerto para o facto porque a raça lusa é dada a louvores pós-mortem, a elogios tardios a quem já não os pode apreciar. É precisamente por o Bruno atravessar uma das melhores fases da vida dele que dele falo hoje.
 
Quiseram as voltas e contravoltas da vida que o rapazolas fosse parar a Timor. Emigrante forçado pelas circunstâncias nacionais e, sobretudo, pelo coração, partiu em busca de oportunidades. Partiu para poder estar ao lado da mulher com quem escolheu partilhar a vida. Partiu para fazer a diferença na vida de outros. E tem-no feito tão bem. Se tem! Basta ver as fotos em que regista o passar dos dias e com que vai mitigando as saudades que por cá deixou; basta ler os emails que envia e que deixam transparecer a felicidade e o entusiasmo que por lá vivem. Mas que também espelham as dificuldades que enfrenta. Que falam das contrariedades do dia-a-dia, da falta de meios com que trabalham, da parca instrução das crianças. A essas crianças, para além do carinho que nutre por elas, une-o um amor maior, essa linguagem universal que é o Futebol. O Bruno é um maníaco do futebol e parte do seu trabalho tem-no desenvolvido nesse sentido. Na semana passad falou-me de umas ideias que tem, de uns projectos novos que anda a cozinhar em fogo lento para ocupar as férias da criançada, sempre do ponto de vista lúdico-didáctico. Mas a seu tempo será ele mesmo quem nos falará publicamente disso, em espaço apropriado. Até lá, e já que ele não pede nada a ninguém, peço eu por ele(s). Fica-vos o meu apelo para que possamos reunir material para enviar para o Bruno, que alimente os seus projectos, que faça a diferença (por pequena que seja) na vida daquelas crianças: t-shirts, chuteiras, sapatilhas, meias, calções, bolas, apitos, bonés... livros.
Aos/Às interessados/as em colaborar é favor deixar as coisinhas comigo para posterior envio. Ele garante registo fotográfico que certifique a entrega de tudo a quem de direito.

Rapazito, como há muitos anos atrás a história repete-se: as futeboladas ficam para ele, das papeladas trato eu. ;)






Acho que não se vê muito bem mas a miúda tem uma faca na mão...



Fotos by Bruno.
  

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Tu eras tudo o que sei de bondade.

Quando esteve doente o Lobo disse que "a morte é uma puta e a uma puta não se dá confiança". Sei o quis dizer com isso mas nunca o tinha sentido, entendido com os sentidos. Depois Tu começas-te a morrer-me, percebi que Te íamos perder e decidi que a doença que te levou, a essa sim, a grandessíssima filha de uma meretriz, não daria confiança. Been there done that. E levou-me muitos anos a curar essa ferida. Por isso, quando morreste recusei-me a deixar que a tristeza que há tanto tempo pressentia me invadisse. Estavam todos destroçados e eu - eu nisso sou uma cópia da mãe, duríssima na queda - não tive mais remédio senão aguentar as pontas, tratar disto e daquilo. E eu sei que disse a todos, para os tranquilizar, para me tranquilizar, que tinhas partido em paz, contas feitas com Deus - se dívidas houvesse, mais do que saldadas com a entrega que tiveste em vida. E isso de facto acalma-me. Compreendo, aceito até (se tal sentimento cabe na perda dos que amamos) o fim de um ciclo: A ordem natural das coisas. Mas sabes, nunca cheguei a tirar aquela foto que sempre te quis tirar, às tuas mãos, Tu que quase as escondias porque se deformavam a cada dia, essas mãos de que sempre me recordarei abertas, à nossa espera, diligentes, carinhosas, postas em prece. Não voltarei a ouvir a Tua voz e hoje, minha querida, hoje a puta da tristeza vence. Porque me dei conta que não vais estar quando chegar a casa, não Te verei mais, não te ouvirei dizer o meu nome. Por fim aquela dor. Profunda. Por fim alguma coisa que estalou no meu peito. Quem diria que também temos diques por dentro. 

sábado, 10 de agosto de 2013

Voltar sempre aonde se foi feliz. #2

Às vezes o que faz falta é mudar de margem, ter outra perspectiva, redireccionar sentidos. Mudam as cores, muda a direcção do vento, muda a dimensão. E finalmente faz sentido. Siga viagem!

 

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

E o drogado é ele?

Eu não tenho bem a certeza mas se calha as microalgas não eram assim tão inofensivas. Os resultados começam a fazer-se sentir... Diz que o Johnny Depp foi avistado na Malveira a carregar troncos em tronco nu e mais tarde na praia da Adraga com chapéu pontiagudo e bigode comprido. Faz sentido! Até porque com o frio que já se começa a sentir, e sendo ele moço prevenido, deve estar a apetrechar o chateaux para passar o Inverno enquanto ensaia para actuar como mariachi nos festivais de Verão. Depois ainda mandam bocas sobre os aditivos que o rapaz toma?? 

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Se uma pobre alma não pode ir à praia, há coleguinhas que trazem a praia até nós.

Uma pessoa madruga, toma o seu banhinho a preceito, procura às pressas no armário um outfit para se enfarpelar à maneira e eis que, sem que nada o fizesse prever, dá por si a pensar que, em calhando, tem de demitir a criadagem. Que se a roupa deu em encolher a ela se deve, certamente por não saber usar o pugrama da machine de lavar! Depois de uma luta inglória uma pessoa lá se consegue meter numas calças de ganga que devem ter deixado de servir há trinta gelados atrás e faz-se à vida, que a papelada do escritório não se avia sozinha. E é só quando, chegada ao estaminé trabalhil, se depara com este cenário dantesco que uma pessoa percebe finalmente que talvez não se trate de um encolhimento têxtil mas antes de um alargamento carnal. Que Deus tenha pena da minha alma porque o corpo começa a não ter salvação!
 
 
 
 
 
P.S.: Que eu, fait-attention, até nem aprecio. Mas não ia fazer uma desfeita destas à maltosa que tão bem me trata, num é verdade?

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Também eu poderia ter sido convidada para continuar "Os Maias", mas dá-se o caso que eu acho que eles já são perfeitos tal como foram escritos.

«Depois Carlos, outra vez sério, deu a sua teoria da vida, a teoria definitiva que ele deduzira da experiência e que agora o governava. Era o fatalismo muçulmano. Nada desejar e nada recear... Não se abandonar a uma esperança - nem a um desapontamento. Tudo aceitar, o que vem e o que foge, com a tranquilidade com que se acolhem as naturais mudanças de dias agrestes e de dias suaves. E, nesta placidez, deixar esse pedaço de matéria organizada, que se chama o Eu, ir-se deteriorando e decompondo até reentrar e se perder no infinito Universo... Sobretudo não ter apetites. E, mais que tudo, não ter contrariedades.
Ega, em suma, concordava. Do que ele principalmente se convencera, nesses estreitos anos de vida, era da inutilidade do todo o esforço. Não valia a pena dar um passo para alcançar coisa alguma na terra - porque tudo se resolve, como já ensinara o sábio do Eclesiastes, em desilusão e poeira
 
Os Maias, Cap. XVIII

 
Dei-me conta ontem que é mesmo verdade aquilo que se diz sobre as coisas mais surpreendentes da vida sucederem quando estamos distraídos. E também é verdade que as maiores lições chegam de onde/quem menos se espera. Se para o Eça (pela boca das suas personagens) nada há nesta vida que valha a pena o esforço, já eu, depois de atentar nas palavras do Sheldon (Big Bang Theory), conclui que tudo na vida de resume ao poder de encaixe. Já o Carlitos - cá beijinho Maia querido - aflora esse ponto de vista, ali quando afirma que não se deve ter apetites e menos ainda contrariedades. É que, vistas bem as coisas, grandes depressões se arranjam por compararmos a vida real com a idealizada, a que vivemos com a que poderia ser ou ter sido, e, em última instância, a nossa e a dos outros. Esta última ideia pelos vistos até é uma teoria que tem um nome impronunciável em alemão. E não poderia estar mais certa. Tudo depende do grau de aceitação ou negação, de conseguirmos ou não lidar com as frustrações, as contrariedades e até mesmo com a felicidade. Porque (também) há quem tenha medo de ser feliz e não desfrute do momento com receio do que a vida lhe poderá cobrar em troca dessa alegria.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Dormir na forma.

O meu primo P., uma jóia de miúdo, costuma dizer que em Portugal as pessoas têm medo que se descubra que não fazem nada. Diz ele que se calha de haver uma hora morta no trabalho, em que não acontece nada e resta esperar, é menino para se estrebuchar ao comprido, a lanzar enquanto a acção não recomeça. E sem problemas com o hipotético aparecimento súbito de um chefe. Desde que cumpra quando é chamado a fazer o que lhe compete! De facto, não raras vezes as pessoas têm tendência a mexer aflitivamente em papéis, a revirar a secretária se calha de aparecer alguém de repente. Para dar a ideia de que sim, de que ali se trabalha. Trabalha-se, e muito. Porque as pessoas têm medo que alguém perceba que na verdade não fazem nada. E, nesse caso, descobririam também que elas, as tais pessoas, são dispensáveis e afinal não fazem ali grande falta.
 
Nas relações passa-se um bocadinho a mesma coisa. Temos medo que a outra pessoa descubra que não fazemos assim tanta falta, que não precisa assim tanto de nós, que a engrenagem afinal continua a mexer mesmo quando nós - que nos julgamos peça essencial - faltamos. A grande questão é: enquanto alguns fingem apenas fazer alguma coisa para ir mantendo a situação, cheios de medo mas esperançosos de nunca virem a ser descobertos, outros há que têm a coragem, a vontade de fazer de facto e não se limitam a fingir. "Dormem na forma" quando assim tem de ser, sem hipocrisias nem fingimentos, mas quando são chamados a fazer o que lhes compete, cumprem!

domingo, 4 de agosto de 2013

Há pessoas que no período pós-almoço só falam escocês...

Segue-se o relato fiel de um diálogo ouvido de "relance" no autocarro:*
 
- Ui, nem calcula como ele tem estado! O rapaz anda-me para ali a vomitar vai para mais de cinco dias. Ele que até a tropa fez, pôs-se-me naquele estado e ninguém sabe porquê.
 
- Olhe, a gente somos como os iogurtes: depois de tirados do frio, andamos com eles nos sacos e coiso, e quando os pomos outra vez no frio já estão estragados.
 
 
Oiiii??? Com que água é que as senhoras acompanham o almocinho, mesmo?
 
 
 
* Sim, eu sei que "de relance" é um olhar rápido!

sábado, 3 de agosto de 2013

Vi eu com estes dois olhinhos! #3

Eu admito que alguém, inspirado quiçá no Spartacus & Ca., tenha a infeliz ideia de desenhar umas sapatecas destas. Admito até que, tendo alguém concebido a dita sapateca, haja quem lhe dê corpo e as ponha à venda, a pensar no Carnaval das alminhas que, porventura, queiram mascarar-se de Xena. Que haja quem as compre e saia à rua neste aparato já me ultrapassa por completo. Co-rrrroooorrrr!!!
 
 
 

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Nisto dos enlaces quando não vai a bem vai a mal: candidato-me a madrinha do Principezinho.

Estive aqui a fazer umas contas de cabeça e cheguei à conclusão que a Inglaterra está em dívida - mas das grandes! - para connosco, Portugalinho à beira-mar espatifado. Vejamos: o Mourinho, que é só o melhor treinador do mundo, salvou o Chelsea e deu um ânimo novo a um campeonato que foi liderado pelos séculos dos séculos pelo Sir Múmia Ferguson. O Horta Osório é um génio com a dinheirama alheia (podia fazer o mesmo com as contas do seu próprio país, já agora) e evitou a morte mais do que anunciada do Loyds. Não esqueçamos que a mania de se empiteirarem com o chá das cinco foi a desgraçada da Catarininha de Bragança, falidos que estávamos de malbaratar os dinheiros das índias e dos brazis e sem mais dote que não as folhitas de chá, que lha incutiu. Calha a moça nunca ter sido recambiada para terras de Sua Majestade e ainda hoje só se tratavam a cerveja e a Gin.
Ora, por esta ordem de ideias, e já que não sobra ninguém decente naquela família com quem me amancebar, parece-me mais do que lógico e justo que nos retribuam todas as boas obras até hoje por nós praticadas mediante o convite para ser madrinha do petiz. Sempre e quando os padrinhos sejam da realeza que ainda resta por casar por esta Europa fora... que para pobrezinhos já eu tenho muitos por perto.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Oximoro.

Quanto mais vazio temos o coração mais pesado ele se torna.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Já fiz a boa acção do dia.

Não sei quem ficou mais satisfeito: se a velhinha a quem ajudei no autocarro se os dois senhores que iam no banco da frente e que tiveram vista panorâmica à borliú para este mamaçal de categoria superior. Já uma pessoa não pode ser uma alma caridosa sem ficar descomposta e não dar por isso.

domingo, 28 de julho de 2013

Trinta e um anos de ti, Avó!

Eu bem sei que agora estás num sítio em que te é dado saber tudo, mas vou explicar-te, ainda assim, como é que isto se processa em mim. Sabes, não me morreste na semana passada. Na semana passada foi apenas o teu coração que cedeu, finalmente, e o teu corpo deixou de ser também. Mas tu Avó começaste a morrer-me muito antes. Há um ano, para ser franca. Quando tive de te trazer ao colo, quando te tirei do Hospital em braços porque queria que tivesses um tratamento decente e que, se fosse o caso, tivesses a oportunidade de uma morte digna, em casa, connosco. Comecei a despedir-me de ti nesse dia e nos que se seguiram, quando tu quiseste tratar de assuntos pendentes, quando ambas entendemos que o teu tempo estava a chegar ao fim. Resististe muito para além do tempo que imaginámos que o teu corpo frágil te deixasse continuar connosco. Mas de lá para cá a tua vida, as nossas também, foram uma luta: contra o tempo, contra a doença que te corroeu por dentro, contra a dor de saber que a cada dia te aproximavas mais do derradeiro dia. Por isso, por ter começado a despedir-me de ti há tanto tempo, por te ter chorado tanto e tantas vezes, na semana passada não fui capaz de ficar triste, daquela tristeza que me sufoca o peito e que me nubla os dias, daquela dor que parece não me deixar continuar. Agarrei-me às tuas memórias, ao que me deixaste de bom. E agarrei-me ao D. Não só por altruísmo (que aliás, herdei de ti), acredita. Por medo. Deu-me um jeitão ter alguém em quem me concentrar em vez de estar para ali a pensar que eras tu enfiada naquele caixão. Não me apetecia nada ter de encarar a verdade de seres tu enfiada naquele caixão. O D., tão frágil, ameninado, a chorar-te como uma criança de cinco anos, perdido. Mas tu sabes, garanti-te e vamos cumprir, que ele fica bem connosco e acho que, em certa medida, isso amenizou a tua partida. Sossegaste, enfim, sabendo-o entregue, tu que foste acima de tudo mãe. Em pleno. Missão cumprida.

Acontece que - e eu conheço-me bem - um dia destes, vou sossegadinha na minha vida, rua afora, e zimbas, cruzo-me com alguém com o teu andar, oiço alguma expressão que só tu usavas, lembro-me de ti do nada e aí é que elas vãos ser. Ou então não. Em calhando esta calma que sinto é mesmo real, despedi-me mesmo de ti, interiorizei a tua partida e vou conseguindo gerir as saudades à medida que o tempo for passando. Indiscutível é este vazio, esta sensação de pequenez que a tua perda me causa. Porque o meu mundo que era tão pequenino e insignificante ficou incomensuravelmente mais pobre com a tua partida e do teu coração grande e bom. Eras a melhor pessoa que me foi dado conhecer.

Lembras-te de me dizeres que te dei um desgosto terrível quando te chamei "Avó"? Tu, ainda de costas direitas, nós dos dedos ainda não deformados, a achares-te nova de mais para que eu, meio palmo de gente, te chamasse "Avó". Ficaste danada, como gostavas de dizer de alguma coisa que te irritava. Lembro-me dessa versão de ti Avó: não nova, porque trajavas preto pelo Avô e o preto entristece e aumenta anos. Mas menos velhinha. Cheia de genica, ocupada a gerir uma casa. O gosto pelo asseio, a roupa ensaboada no tanque gelado, as receitas que só tu sabias confeccionar, as mesas fartas, como sempre foi teu apanágio; legado esse que, aliás, deixaste às tuas filhas, excessivas em desvelo quando que se trata de receber alguém. E, acima de tudo, esse teu respeito pela Natureza, tu que eras, como o Eça disse de Afonso da Maia, «das que não pisam um formigueiro e se compadecem da sede de uma planta.»: não me lembro de jamais te teres sentado à mesa para tomar uma refeição sem te certificares primeiro que todos os animais já tinham as suas gamelas cheias. Depois o cabelo começou a ficar mais e mais grisalho, começaste a andar com as costas curvadas, as mãos a deformarem-se e tu a ficares danada porque eras vaidosa e, embora não o tenhas nunca confessado, creio que essa coisa de envelhecer não era do teu agrado. Não sabias tu que, aos nossos olhos, nunca estiveste mais bonita? O teu olhar ternurento tornou-se ainda mais macio - se possível for - com a idade. As lágrimas fáceis, sempre prontas a saltarem-te dos olhos quando te despedias de nós - o teu grande orgulho, a caterva de netos -, tu que levaste tempo a aceitar que eu, a primogénita, te chamasse "Avó".

Cumpriste até ao último suspiro, no tempo que te foi dado viver, a tua missão: enquanto mulher, enquanto esposa, enquanto mãe. Tocaste a vida de todos os que cruzaram o teu caminho, foste amada por todos os que tivemos a bênção de pertencer à família que criaste e que girava em torno de ti, amaste até ao fim a todos com uma entrega única. Foi uma vida longa, sofrida, dura. Mas feliz. Pensava nisso quando passei lá em casa a apanhar os teus brincos que, por vontade tua, agora são meus. Numa azáfama, a mãe e as tias a arrumarem tudo, feitas gralhas, espaventosas que só elas. E dei por mim a sorrir, a ver nelas a tua pressa, a tua aflição para fazer tudo atempadamente, a preocuparem-se umas com as outras e a esquecerem-se de si mesmas. Não poderias ter deixado melhor legado, Avó, do que aquele que deixaste. E se não fizeste melhor certamente foi por não conseguires ou não saberes como.

Hoje fazes anos. Noventa longos anos que não chegaste a celebrar connosco e que nos parecem insuficientes. Parabéns a mim por trinta e um anos de vida contigo, Avó!

sábado, 27 de julho de 2013

Blablabla, whiskas saquetas!

As pessoas fazem reparos que nós isto e que nós aquilo. Uma pessoa senta-se a pensar seriamente na vida e a esmiuçar as dicas que uns e outros, sabiamente, nos vão dando. Às duas por três uma pessoa dá por si a achar que sim, que aqui e ali, as pessoas que fazem reparos têm o seu quê de razão. E tenta, aos pouquinhos, mudar um nadinha o isto e o aquilo. Acontece que quando dá conta as pessoas, as tais que fazem reparos, continuam a agir da mesma maneira para connosco porque «ai e tal, tu antes eras assim ou assado e gostavas disto, e não te importavas com aquilo.» Ploamordadivinagraça: ou bem que quereis que as pessoas mudem e facilitais a mudança ou bem que as aceitais e gostais delas como são e ponto final.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Se não queres ser lobo não lhe vistas a pele.

Às vezes sinto-me muito injustiçada. A propósito do fatal descarrilamento em Espanha um amigo meu escreveu no seu mural de FB que «[...] A morte está mesmo ao virar da esquina.» Até aí tudo bem. Mas quando eu acrescentei a variante «Ao virar da esquina que é como quem diz logo ali na curva» aqui d'el-rei que sou sádica e insensível. É inútil lutar contra estereótipos: tenho para mim que os meus amigos acham que eu sou má pessoa e não há nada a fazer quanto a isso.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Dicionarizar #1

Volta e meia bato estes olhinhos lindos-que-dói em pérolas da língua portuguesa quando maltratada e das duas uma: ou entro em hiperventilação ou tenho ataques de riso. Adoro quando as pessoas se armam aos cágados, como diz a minha mãe, e depois metem a pata na poça. Felizmente ainda há almas caridosas como eu, prontas a servir a nação e o mundo, a título gratuito e sem mais nenhum interesse que não seja o de preservar a minha saúde mental.
 
Hoje alguém se saiu com esta: «As ideias foram surgindo em catapulta [...]». Não foram só as ideias que foram projectadas sabe Deus para onde; o cérebro da criatura há muito que, notoriamente, também saiu desarvorado por esse mundo fora.
 
 
catapulta
s. f.
Antiga máquina de guerra que arremessava projécteis.
 
catadupa (latim Catadupa, -orum, catarata do Nilo)
s. f.
1. Queda estrondosa de água corrente. = CATARATA
2. Saída ou corrente impetuosa de algo (ex.: elogios em catadupa). = JORRO, TORRENTE

Fonte: http://www.priberam.pt/dlpo/

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Feelings. Nothing more than feelings.

Eu cresci numa aldeia, com tudo o que isso implica. Mormente as tradições. Lembro-me dos serões em casa da Avó e de ouvir histórias de lobisomens e episódios fantásticos. Lembro-me das tardes em casa da tia Teresa e da tia Gracinda e das lendas que nos contavam. Todas elas eram mulheres nascidas e criadas no campo, com vidas duras e poucos estudos. A sua sabedoria era o sentido, o tal sexto sentido, as emoções, os sonhos proféticos, os sinais dados pelos animais, as carolices de velhinhas calejadas pela vida e pelos acontecimentos insólitos, nem todos eles com explicações facilmente entendidas por nós, tão científicos e armados de Razão.
Ontem a minha mãe disse-me: «Vai morrer gente. A Avó foi [enterrada] com um olho semi-aberto.» Perguntei-lhe o que queria isso dizer. Explicou-me que é «como se estivesse a chamar alguém.» Hoje ligou-me para me dizer que faleceu uma senhora da minha terra.
Há coisas que não vêm nos livros. Passam de geração em geração. Transmitem-se no sangue.

terça-feira, 23 de julho de 2013

O que fazemos quando nos sentimos assim por dentro?

 
 
 
* Este copo habitou a minha secretária semanas a fio. No dia em que decidi levá-lo para casa caiu e partiu-se. Há coisas que não estão destinadas a ser.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Por outras palavras.

Já falei dele anteriormente, mas não me canso de repetir: CARROSSEL. Leitura em bom!

Na semana passada arrancaram-me um sorriso enternecido com esta grande lição:
«Eu sou de mim mesmo.
E dos que me indicaram o caminho desta estrada sem fim

domingo, 21 de julho de 2013

Voltar sempre aonde se foi feliz. #1

  
 
 
Os Maias - como quase tudo o que o Eça assinou - são um vício. E uma terapia. Poucas coisas me devolvem a mim, à minha paz, à minha serenidade e fazem com que tudo faça sentido novamente como os escritos deste senhor. É impossível não acreditar no Bem, em Deus ou o que seja quando já houve neste mundo quem dominasse a Arte desta forma. Poucas pessoas me arrancam gargalhadas como tu fazes, Mestre!

sábado, 20 de julho de 2013

A minha cara diz tudo.

A pessoa que por estes dias se diz meu chefe conhece-me há apenas meia dúzia de meses. Ontem de manhã quando chegou  ao Gabinete perguntou-me «Porque está tão em baixo?». [F., deixa-te de pensamentos perversos porque o «em baixo» era em termos de ânimo!] Sem querer retirar sensibilidade ao seu gesto, saliento que o senhor mal me conhece. Não é birrinha, amuo, cansaço ou sono. É tristeza. E não há nada que nos apague mais do que estarmos tristes. O que acontece que trago sempre estampado na cara o que me vai na alma, quer seja bom quer seja mau. Há quem chore mansamente, quase para dentro, como quem limpa a alma em suaves massagens. Eu sou mais de esfregar, choro convulsivamente, falta-me o ar e o peito parece rebentar. Felizmente, rio-me da mesma maneira: com gargalhadas sonoras, cristalinas, que me abanam o corpo e me fazem estremecer a alma em cócegas ternurentas. Basta olha para mim e ver.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Porque um dia não são dias, bot'abaixo.

Santo António já se acabou. E os outros todos também. Mas os sabores do "bairro" são para rememorar sempre que quisermos.

 
P.S.: O pão com chouriço (cuja foto se me olvidou tirar) é divinal mas o arroz doce da minha santa mãezinha continua a ser o melhor do mundo. E arredores.
 
 
 

quinta-feira, 18 de julho de 2013

"Foi uma vida com muitos nomes, uma vida com muitas vidas."

A história da D. Bia, que inclui «paixões proibidas, casamentos arranjados, espectáculos de striptease», deixou-me a pensar que há de facto, mesmo ao nosso lado, pessoas extraordinárias, com percursos de vida que davam um livro, tantas foram as vidas que já viveram nesta vida. Como esta de dois jovens aventureiros que mudaram de vida; ou esta e esta de empreendedores bem sucedidos. Já para não falar desta que é deliciosa. Mas melhor de tudo ainda é o "sítio" onde desencantei esta pérola. Chama-se Carrossel  e é - SÓ - um dos melhores blogs portugueses, onde, graças ao Bom Jesus de Braga, descobri estórias tão, tão bem escritas (mas bem de bom, mesmo). Ide pois e espalhai a boa nova!
 

quarta-feira, 17 de julho de 2013

É tudo uma questão de educação... ou falta dela!

A minha santa avozinha sempre me disse que pessoas boas e pessoas más as há em toda a parte. Mas gente parva e desprovida de educação e bom-senso não as deveria haver em alguns sítios. Começando pelas pessoas que cuspiram o nosso Vítor Gaspar no supermercado e passando por este senador italiano que comparou ministra negra a orangotango, creio bem que a solução da crise (sobretudo a moral) vem longe e é cada vez mais uma miragem. Quando as pessoas perdem o respeito pelo próximo perdem-no por si mesmas. E mal vamos quando estes casos começam a ser mais a regra e menos a excepção.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Saga de uma vida doméstica muito pouco domesticada. #5

Lição para a vida: quando ouvimos água a correr provavelmente não estamos a delirar e é mesmo água a correr. Ah, e a melhor maneira de apanhar a água numa inundação é uma pá. Sim, uma pá. Que isto de andar a ensopar toalhas é coisa para levar horas!
 
Ninguém, tipo n-i-n-g-u-é-m, verifica se o filtro da máquina de lavar roupa está devidamente apertado antes de a pôr a trabalhar. Poupai-me!

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Long ago... we were kids... we were young.

Pela mesma altura em que os teenagers de todó mundo andavam no bom-vai-ele, a deslindar os segredos das complicadas relações humanas e a aventurar-se por trocas de fluídos várias, eu, que não fui criada a beber leite ao almoço e ao jantar como nos filmes americanos, era miúda para não ter noção nenhuma da vida e me limitar à minha existência simples na simplíssima parvónia. No fundo ainda é um pouco assim, porque podem-me ter tirado da aldeia mas não podem tirar a aldeiice de mim. Adiante. Por essa mesma altura em que a mocidade da minha idade, em qualquer outro ponto do globo andava a desbravar mundo, eu vivia feliz e contente, na ignorância. E desfrutava de umas férias como nunca mais hei-de ter na vida! Acordava cedo, esgueirava-me para casa da vizinha, assistíamos juntas a séries como o Dawson, tentando vislumbrar nas voltas e contravoltas das vidas das personagens os nossos próprios destinos. Nós, ainda tão sem planos. À espera apenas que as notas saíssem. A não ter de decidir. A ver passar os dias, que corriam devagar, entre banhos de sol, cerejas comidas directamente da árvore, passeios de bicicleta, leituras pachorrentas, esticados na erva à sombra da árvore grande; as noites eram quentes e longas e nós, espraiados na rua, à porta de casa, devorávamos bolachas e ríamos de parvoíces, das historietas partilhadas. Não precisávamos de mais nada a não ser a certeza de que tínhamos muitos dias de Verão pela frente e a vida toda para nos realizarmos. Não sabíamos - não tínhamos como saber - que de lá para cá ainda nos havíamos de apaixonar, ter filhos, casar, voltar a apaixonar, correr mundo, conhecer pessoas fantásticas, experimentar sensações que congelam o tempo, rir muito por tudo e por nada, chorar de felicidade, chorar de medo, perder empregos, construir carreiras, recomeçar, partir, voltar, despedir-nos mais vezes do que achámos que conseguiríamos, recomeçar, apaixonar. Viver. Fecho os olhos agora e vejo a luz clara desses dias, sinto o calor a queimar a pele, cheira-me à terra rasgada pelo arado e ao restolho em dias de ceifa. A minha tia era tão nova. Os meus pais ainda sem rugas. A avó de costas direitas e os ossos dos dedos ainda não deformados. A mana loira e pequenina.
Sim, éramos ignorantes de tanta coisa e apesar disso, talvez por isso, felizes. Those were the best days of my life (Brian, já foste muito feliz em Portugal, hein?). Tal como todos os outros que se seguiram. Tal como hoje. Porque crescer também é isto: perceber o quê, o quem, o onde que nos fazem felizes. Aceitar o que foi, abraçar o que ainda não é mas já começa a ser. Sem medo, com a certeza de que temos a vida toda para nos realizarmos.
 
 
 
 
 
 
Sometimes I get to feelin'
I was back in the old days - long ago
When we were kids when we were young
Thing seemed so perfect - you know
The days were endless we were crazy we were young
The sun was always shinin' - we just lived for fun
Sometimes it seems like lately - I just don't know
The rest of my life's been just a show
 

domingo, 14 de julho de 2013

sábado, 13 de julho de 2013

Foi há tanto tempo que nem sei bem se ainda me lembro como se faz isso de estar de papo para o ar.

(ao D.)
 
 
A outra, com o seu irrepreensível ar british, escandalizou-se com a descoberta do fim de semana e da existência de dois dias livres para a criadagem. Eu é mais férias. O que são férias?



sexta-feira, 12 de julho de 2013

"Carris: sindicatos exigem subsídio para ir ao barbeiro"

Estes senhores dos transportes queixam-se por tudo, por nada e por mais qualquer coisa. Entendo que ninguém queira perder direitos, respeito que se manifestem e até que exijam mais e melhores condições laborais. Cada um queixa-se do que lhe dói! Mas se há classe trabalhadora que me tem "andado a agoniar o canal" (como diz mamãe), é a malta transportadeira. E só para lhe acabar com as tosses e as manias, ainda esta semana limpei uma indemnização à CP por causa dos frequentes, recorrentes e incoerentes atrasos nas viagens.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Afinal quem manda aqui?

Num país onde tudo é, volta e meia, considerado insconstitucional, vem o senhor Presidente da República, recém ressuscitado, assegurar que ou há entendimento no recreio do jardim infantil ou há outras alternativas, nomeadamente as soluções previstas no quadro do sistema jurídico-constitucional. Pois, 'tá bem abelha!

Next round.

Estou viciada (até acordar virada para outro lado e nunca mais me alembrar da jogatana, que eu cá sou pouco dada a competições) num certo jogo. Dá-se o caso que a coisa corria bem e era divertido. Até ter chegado a um nível em que, por mais vezes que o passe, sempre que cometo um erro no nível seguinte recuo para o anterior. Inevitavelmente, dou por mim a pensar que me sucede o mesmo na vida: por mais que me esforce e que faça as coisas bem neste nível nunca tenho hipóteses de passar (a)o seguinte. Acontece que eu recuso-me a aceitar essa de que a lagartixa não nasceu para ser jacaré. Só que cansa! Oh se cansa!

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Onde andas tu?

Há poucas coisas tão tristes quanto olhar alguém nos olhos e não ver lá nada. Vazio apenas. Onde outrora brilhava a vida.

terça-feira, 9 de julho de 2013

"Árbitro matou jogador e foi esquartejado pelos espetadores"

Porque raisdiabo um árbitro usa uma faca à cintura durante um jogo de futebol? Haja alguém que se chegue à frente com uma explicação, se faz favor.

Ai aguentamos, aguentamos.

«Portas é tão frágil como Seguro, mas mais bronzeado e a fazer de conta que é liberal. Infelizmente, para ele e para nós, depois do balão do CDS esvaziar, sobrará a realidade do muro da dívida, da Europa do Norte em negação e de um processo longo e socialmente arriscado de ajustamento.

Mas a memória das pessoas é curta e o entendimento da economia fraco - e Portas pode vir a colher os louros, sobrevivendo politicamente. Afinal, fomos postos na mesa de póquer por isso, não foi?»
 

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Há os amigos... e há o LV! *

Se para o meu pai o que se leva desta vida são os empanturranços míticos com que faz pasmar quem assiste aos seus jantares, já para a maioria dos comuns mortais menos pantagruélicos o mais importante serão sempre os amigos e as vitórias do Benfas (nem sempre por esta ordem de ideias). Eu, banal que dói, terei de me incluir no grupo dos que acha que morreria feliz amanhã por ter tido o gosto de contar entre aqueles a quem chama Amigos alguns espécimes raros como o LV. O LV faz parte da minha vida desde... sempre. Separados no tempo apenas por duas colheitas, não me lembro de ele não existir. Fui eu que o ensinei a andar de bicicleta ainda na Escola Primária, foi ele que tentou (em vão) ensinar-me a dançar. Com ele partilhei alguns dos momentos mais divertidos da minha vida, como o episódio do célebre arroz de pato (a que voltaremos em momento mais oportuno) e uma ou outra bebedeirita sem jeito, bem como alguns duros golpes do destino. Fundamentalmente, subtraídas todas as coisas que importam menos e somadas todas aquelas que dão sentido às existências, temos que, mais perto ou mais longe, sempre arranjámos maneira de estarmos um para o outro. O melhor de tudo? A empatia. O riso ainda antes da história terminar (às vezes antes mesmo de começar), o completar das frases, as coisas que nem precisam de ser ditas porque se adivinham pensamentos. Não sei se relações assim se constroem, se nascem espontaneamente, fruto de um entendimento que escapa à lógica. Sei que funcionamos.
Num ano especialmente complicado para mim o LV foi uma presença constante mesmo quando não estava comigo. À sua maneira cuidou de mim. Num ano particularmente difícil para mim (por motivos vários e frustrações a rodos), o LV mudou-se para longe. Foi atrás da felicidade e encontrou-a. E nem por um momento que seja fiquei triste. Deveria, porque as saudades invariavelmente trazem consigo aquela nostalgia dos dias vazios, dos abraços que tardam, dos reecontros adiados. Pelo contrário, experimentei nestes dias aquele desprendimento que advém da alegria sincera de ver feliz um amigo a quem quero tanto bem, a fazer o que gosta, a singrar na vida, a ser feliz, imensamente feliz por colher o merecido fruto de tanta dedicação.
Já passaram muitos meses desde que entre nós se entrepuseram muitos quilómetros. E curiosamente nunca estivemos tão perto um do outro. Podia descrever o LV com todos os adjectivos do mundo e não chegariam para dizer o que ele é para mim. Cada chamada é um relato do outro lado da vida, da dele e da minha, do desenrolar dos dias, da confissão da saudade, das estórias e peripécias. Cada chamada é sobretudo um sorriso devolvido, porque o LV tem o riso mais contagiante de todos os meus amigos e conta-me as histórias mais patetas que sempre me deixam se sorriso rasgado. Como a de ontem.

LV - Ó sô D. Glória, então vai fazer de quê na peça de Natal da escola?
Sô D. Glória - De Elfo.
LV - De Elfo? Muito bem. Mas de qual deles? É que há vários...
Colega - De elFo mais fraco!!!
 
 
* Texto revisitado, por ocasião do aniversário do meu querido LV. Parabéns, meu grandessíssimo artista mai'lindo e talentoso. Que seja(mos) sempre muito felizes!

Não sei quanto tempo mais aguento esta moda da destilaria...

Pode ser que seja do meu cérebro estar a pipocar mas ia jurar que em minha casa para além da água sair tépida das torneiras até a pasta de dentes estava quente!

domingo, 7 de julho de 2013

Coisas com que não posso nem à lei da bala #2

Há pessoas que para darem a entender que se desmancharam a rir com as nossas piadas soltam um muy eloquente lol, um ahahah, um eheheh ou um ihihih.
Há pessoas cujo som da gargalhada chega através de um "estamos espiruituosas hoje" ou "Tu vens obsceno de Celorico, Ega!".
Adivinhai quem me merece resposta e quem fica a olhar para o ecrã vazio do telemóvel.
Poupande-me, fazendo favor!!