terça-feira, 30 de julho de 2013

Oximoro.

Quanto mais vazio temos o coração mais pesado ele se torna.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Já fiz a boa acção do dia.

Não sei quem ficou mais satisfeito: se a velhinha a quem ajudei no autocarro se os dois senhores que iam no banco da frente e que tiveram vista panorâmica à borliú para este mamaçal de categoria superior. Já uma pessoa não pode ser uma alma caridosa sem ficar descomposta e não dar por isso.

domingo, 28 de julho de 2013

Trinta e um anos de ti, Avó!

Eu bem sei que agora estás num sítio em que te é dado saber tudo, mas vou explicar-te, ainda assim, como é que isto se processa em mim. Sabes, não me morreste na semana passada. Na semana passada foi apenas o teu coração que cedeu, finalmente, e o teu corpo deixou de ser também. Mas tu Avó começaste a morrer-me muito antes. Há um ano, para ser franca. Quando tive de te trazer ao colo, quando te tirei do Hospital em braços porque queria que tivesses um tratamento decente e que, se fosse o caso, tivesses a oportunidade de uma morte digna, em casa, connosco. Comecei a despedir-me de ti nesse dia e nos que se seguiram, quando tu quiseste tratar de assuntos pendentes, quando ambas entendemos que o teu tempo estava a chegar ao fim. Resististe muito para além do tempo que imaginámos que o teu corpo frágil te deixasse continuar connosco. Mas de lá para cá a tua vida, as nossas também, foram uma luta: contra o tempo, contra a doença que te corroeu por dentro, contra a dor de saber que a cada dia te aproximavas mais do derradeiro dia. Por isso, por ter começado a despedir-me de ti há tanto tempo, por te ter chorado tanto e tantas vezes, na semana passada não fui capaz de ficar triste, daquela tristeza que me sufoca o peito e que me nubla os dias, daquela dor que parece não me deixar continuar. Agarrei-me às tuas memórias, ao que me deixaste de bom. E agarrei-me ao D. Não só por altruísmo (que aliás, herdei de ti), acredita. Por medo. Deu-me um jeitão ter alguém em quem me concentrar em vez de estar para ali a pensar que eras tu enfiada naquele caixão. Não me apetecia nada ter de encarar a verdade de seres tu enfiada naquele caixão. O D., tão frágil, ameninado, a chorar-te como uma criança de cinco anos, perdido. Mas tu sabes, garanti-te e vamos cumprir, que ele fica bem connosco e acho que, em certa medida, isso amenizou a tua partida. Sossegaste, enfim, sabendo-o entregue, tu que foste acima de tudo mãe. Em pleno. Missão cumprida.

Acontece que - e eu conheço-me bem - um dia destes, vou sossegadinha na minha vida, rua afora, e zimbas, cruzo-me com alguém com o teu andar, oiço alguma expressão que só tu usavas, lembro-me de ti do nada e aí é que elas vãos ser. Ou então não. Em calhando esta calma que sinto é mesmo real, despedi-me mesmo de ti, interiorizei a tua partida e vou conseguindo gerir as saudades à medida que o tempo for passando. Indiscutível é este vazio, esta sensação de pequenez que a tua perda me causa. Porque o meu mundo que era tão pequenino e insignificante ficou incomensuravelmente mais pobre com a tua partida e do teu coração grande e bom. Eras a melhor pessoa que me foi dado conhecer.

Lembras-te de me dizeres que te dei um desgosto terrível quando te chamei "Avó"? Tu, ainda de costas direitas, nós dos dedos ainda não deformados, a achares-te nova de mais para que eu, meio palmo de gente, te chamasse "Avó". Ficaste danada, como gostavas de dizer de alguma coisa que te irritava. Lembro-me dessa versão de ti Avó: não nova, porque trajavas preto pelo Avô e o preto entristece e aumenta anos. Mas menos velhinha. Cheia de genica, ocupada a gerir uma casa. O gosto pelo asseio, a roupa ensaboada no tanque gelado, as receitas que só tu sabias confeccionar, as mesas fartas, como sempre foi teu apanágio; legado esse que, aliás, deixaste às tuas filhas, excessivas em desvelo quando que se trata de receber alguém. E, acima de tudo, esse teu respeito pela Natureza, tu que eras, como o Eça disse de Afonso da Maia, «das que não pisam um formigueiro e se compadecem da sede de uma planta.»: não me lembro de jamais te teres sentado à mesa para tomar uma refeição sem te certificares primeiro que todos os animais já tinham as suas gamelas cheias. Depois o cabelo começou a ficar mais e mais grisalho, começaste a andar com as costas curvadas, as mãos a deformarem-se e tu a ficares danada porque eras vaidosa e, embora não o tenhas nunca confessado, creio que essa coisa de envelhecer não era do teu agrado. Não sabias tu que, aos nossos olhos, nunca estiveste mais bonita? O teu olhar ternurento tornou-se ainda mais macio - se possível for - com a idade. As lágrimas fáceis, sempre prontas a saltarem-te dos olhos quando te despedias de nós - o teu grande orgulho, a caterva de netos -, tu que levaste tempo a aceitar que eu, a primogénita, te chamasse "Avó".

Cumpriste até ao último suspiro, no tempo que te foi dado viver, a tua missão: enquanto mulher, enquanto esposa, enquanto mãe. Tocaste a vida de todos os que cruzaram o teu caminho, foste amada por todos os que tivemos a bênção de pertencer à família que criaste e que girava em torno de ti, amaste até ao fim a todos com uma entrega única. Foi uma vida longa, sofrida, dura. Mas feliz. Pensava nisso quando passei lá em casa a apanhar os teus brincos que, por vontade tua, agora são meus. Numa azáfama, a mãe e as tias a arrumarem tudo, feitas gralhas, espaventosas que só elas. E dei por mim a sorrir, a ver nelas a tua pressa, a tua aflição para fazer tudo atempadamente, a preocuparem-se umas com as outras e a esquecerem-se de si mesmas. Não poderias ter deixado melhor legado, Avó, do que aquele que deixaste. E se não fizeste melhor certamente foi por não conseguires ou não saberes como.

Hoje fazes anos. Noventa longos anos que não chegaste a celebrar connosco e que nos parecem insuficientes. Parabéns a mim por trinta e um anos de vida contigo, Avó!

sábado, 27 de julho de 2013

Blablabla, whiskas saquetas!

As pessoas fazem reparos que nós isto e que nós aquilo. Uma pessoa senta-se a pensar seriamente na vida e a esmiuçar as dicas que uns e outros, sabiamente, nos vão dando. Às duas por três uma pessoa dá por si a achar que sim, que aqui e ali, as pessoas que fazem reparos têm o seu quê de razão. E tenta, aos pouquinhos, mudar um nadinha o isto e o aquilo. Acontece que quando dá conta as pessoas, as tais que fazem reparos, continuam a agir da mesma maneira para connosco porque «ai e tal, tu antes eras assim ou assado e gostavas disto, e não te importavas com aquilo.» Ploamordadivinagraça: ou bem que quereis que as pessoas mudem e facilitais a mudança ou bem que as aceitais e gostais delas como são e ponto final.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Se não queres ser lobo não lhe vistas a pele.

Às vezes sinto-me muito injustiçada. A propósito do fatal descarrilamento em Espanha um amigo meu escreveu no seu mural de FB que «[...] A morte está mesmo ao virar da esquina.» Até aí tudo bem. Mas quando eu acrescentei a variante «Ao virar da esquina que é como quem diz logo ali na curva» aqui d'el-rei que sou sádica e insensível. É inútil lutar contra estereótipos: tenho para mim que os meus amigos acham que eu sou má pessoa e não há nada a fazer quanto a isso.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Dicionarizar #1

Volta e meia bato estes olhinhos lindos-que-dói em pérolas da língua portuguesa quando maltratada e das duas uma: ou entro em hiperventilação ou tenho ataques de riso. Adoro quando as pessoas se armam aos cágados, como diz a minha mãe, e depois metem a pata na poça. Felizmente ainda há almas caridosas como eu, prontas a servir a nação e o mundo, a título gratuito e sem mais nenhum interesse que não seja o de preservar a minha saúde mental.
 
Hoje alguém se saiu com esta: «As ideias foram surgindo em catapulta [...]». Não foram só as ideias que foram projectadas sabe Deus para onde; o cérebro da criatura há muito que, notoriamente, também saiu desarvorado por esse mundo fora.
 
 
catapulta
s. f.
Antiga máquina de guerra que arremessava projécteis.
 
catadupa (latim Catadupa, -orum, catarata do Nilo)
s. f.
1. Queda estrondosa de água corrente. = CATARATA
2. Saída ou corrente impetuosa de algo (ex.: elogios em catadupa). = JORRO, TORRENTE

Fonte: http://www.priberam.pt/dlpo/

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Feelings. Nothing more than feelings.

Eu cresci numa aldeia, com tudo o que isso implica. Mormente as tradições. Lembro-me dos serões em casa da Avó e de ouvir histórias de lobisomens e episódios fantásticos. Lembro-me das tardes em casa da tia Teresa e da tia Gracinda e das lendas que nos contavam. Todas elas eram mulheres nascidas e criadas no campo, com vidas duras e poucos estudos. A sua sabedoria era o sentido, o tal sexto sentido, as emoções, os sonhos proféticos, os sinais dados pelos animais, as carolices de velhinhas calejadas pela vida e pelos acontecimentos insólitos, nem todos eles com explicações facilmente entendidas por nós, tão científicos e armados de Razão.
Ontem a minha mãe disse-me: «Vai morrer gente. A Avó foi [enterrada] com um olho semi-aberto.» Perguntei-lhe o que queria isso dizer. Explicou-me que é «como se estivesse a chamar alguém.» Hoje ligou-me para me dizer que faleceu uma senhora da minha terra.
Há coisas que não vêm nos livros. Passam de geração em geração. Transmitem-se no sangue.

terça-feira, 23 de julho de 2013

O que fazemos quando nos sentimos assim por dentro?

 
 
 
* Este copo habitou a minha secretária semanas a fio. No dia em que decidi levá-lo para casa caiu e partiu-se. Há coisas que não estão destinadas a ser.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Por outras palavras.

Já falei dele anteriormente, mas não me canso de repetir: CARROSSEL. Leitura em bom!

Na semana passada arrancaram-me um sorriso enternecido com esta grande lição:
«Eu sou de mim mesmo.
E dos que me indicaram o caminho desta estrada sem fim

domingo, 21 de julho de 2013

Voltar sempre aonde se foi feliz. #1

  
 
 
Os Maias - como quase tudo o que o Eça assinou - são um vício. E uma terapia. Poucas coisas me devolvem a mim, à minha paz, à minha serenidade e fazem com que tudo faça sentido novamente como os escritos deste senhor. É impossível não acreditar no Bem, em Deus ou o que seja quando já houve neste mundo quem dominasse a Arte desta forma. Poucas pessoas me arrancam gargalhadas como tu fazes, Mestre!

sábado, 20 de julho de 2013

A minha cara diz tudo.

A pessoa que por estes dias se diz meu chefe conhece-me há apenas meia dúzia de meses. Ontem de manhã quando chegou  ao Gabinete perguntou-me «Porque está tão em baixo?». [F., deixa-te de pensamentos perversos porque o «em baixo» era em termos de ânimo!] Sem querer retirar sensibilidade ao seu gesto, saliento que o senhor mal me conhece. Não é birrinha, amuo, cansaço ou sono. É tristeza. E não há nada que nos apague mais do que estarmos tristes. O que acontece que trago sempre estampado na cara o que me vai na alma, quer seja bom quer seja mau. Há quem chore mansamente, quase para dentro, como quem limpa a alma em suaves massagens. Eu sou mais de esfregar, choro convulsivamente, falta-me o ar e o peito parece rebentar. Felizmente, rio-me da mesma maneira: com gargalhadas sonoras, cristalinas, que me abanam o corpo e me fazem estremecer a alma em cócegas ternurentas. Basta olha para mim e ver.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Porque um dia não são dias, bot'abaixo.

Santo António já se acabou. E os outros todos também. Mas os sabores do "bairro" são para rememorar sempre que quisermos.

 
P.S.: O pão com chouriço (cuja foto se me olvidou tirar) é divinal mas o arroz doce da minha santa mãezinha continua a ser o melhor do mundo. E arredores.
 
 
 

quinta-feira, 18 de julho de 2013

"Foi uma vida com muitos nomes, uma vida com muitas vidas."

A história da D. Bia, que inclui «paixões proibidas, casamentos arranjados, espectáculos de striptease», deixou-me a pensar que há de facto, mesmo ao nosso lado, pessoas extraordinárias, com percursos de vida que davam um livro, tantas foram as vidas que já viveram nesta vida. Como esta de dois jovens aventureiros que mudaram de vida; ou esta e esta de empreendedores bem sucedidos. Já para não falar desta que é deliciosa. Mas melhor de tudo ainda é o "sítio" onde desencantei esta pérola. Chama-se Carrossel  e é - SÓ - um dos melhores blogs portugueses, onde, graças ao Bom Jesus de Braga, descobri estórias tão, tão bem escritas (mas bem de bom, mesmo). Ide pois e espalhai a boa nova!
 

quarta-feira, 17 de julho de 2013

É tudo uma questão de educação... ou falta dela!

A minha santa avozinha sempre me disse que pessoas boas e pessoas más as há em toda a parte. Mas gente parva e desprovida de educação e bom-senso não as deveria haver em alguns sítios. Começando pelas pessoas que cuspiram o nosso Vítor Gaspar no supermercado e passando por este senador italiano que comparou ministra negra a orangotango, creio bem que a solução da crise (sobretudo a moral) vem longe e é cada vez mais uma miragem. Quando as pessoas perdem o respeito pelo próximo perdem-no por si mesmas. E mal vamos quando estes casos começam a ser mais a regra e menos a excepção.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Saga de uma vida doméstica muito pouco domesticada. #5

Lição para a vida: quando ouvimos água a correr provavelmente não estamos a delirar e é mesmo água a correr. Ah, e a melhor maneira de apanhar a água numa inundação é uma pá. Sim, uma pá. Que isto de andar a ensopar toalhas é coisa para levar horas!
 
Ninguém, tipo n-i-n-g-u-é-m, verifica se o filtro da máquina de lavar roupa está devidamente apertado antes de a pôr a trabalhar. Poupai-me!

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Long ago... we were kids... we were young.

Pela mesma altura em que os teenagers de todó mundo andavam no bom-vai-ele, a deslindar os segredos das complicadas relações humanas e a aventurar-se por trocas de fluídos várias, eu, que não fui criada a beber leite ao almoço e ao jantar como nos filmes americanos, era miúda para não ter noção nenhuma da vida e me limitar à minha existência simples na simplíssima parvónia. No fundo ainda é um pouco assim, porque podem-me ter tirado da aldeia mas não podem tirar a aldeiice de mim. Adiante. Por essa mesma altura em que a mocidade da minha idade, em qualquer outro ponto do globo andava a desbravar mundo, eu vivia feliz e contente, na ignorância. E desfrutava de umas férias como nunca mais hei-de ter na vida! Acordava cedo, esgueirava-me para casa da vizinha, assistíamos juntas a séries como o Dawson, tentando vislumbrar nas voltas e contravoltas das vidas das personagens os nossos próprios destinos. Nós, ainda tão sem planos. À espera apenas que as notas saíssem. A não ter de decidir. A ver passar os dias, que corriam devagar, entre banhos de sol, cerejas comidas directamente da árvore, passeios de bicicleta, leituras pachorrentas, esticados na erva à sombra da árvore grande; as noites eram quentes e longas e nós, espraiados na rua, à porta de casa, devorávamos bolachas e ríamos de parvoíces, das historietas partilhadas. Não precisávamos de mais nada a não ser a certeza de que tínhamos muitos dias de Verão pela frente e a vida toda para nos realizarmos. Não sabíamos - não tínhamos como saber - que de lá para cá ainda nos havíamos de apaixonar, ter filhos, casar, voltar a apaixonar, correr mundo, conhecer pessoas fantásticas, experimentar sensações que congelam o tempo, rir muito por tudo e por nada, chorar de felicidade, chorar de medo, perder empregos, construir carreiras, recomeçar, partir, voltar, despedir-nos mais vezes do que achámos que conseguiríamos, recomeçar, apaixonar. Viver. Fecho os olhos agora e vejo a luz clara desses dias, sinto o calor a queimar a pele, cheira-me à terra rasgada pelo arado e ao restolho em dias de ceifa. A minha tia era tão nova. Os meus pais ainda sem rugas. A avó de costas direitas e os ossos dos dedos ainda não deformados. A mana loira e pequenina.
Sim, éramos ignorantes de tanta coisa e apesar disso, talvez por isso, felizes. Those were the best days of my life (Brian, já foste muito feliz em Portugal, hein?). Tal como todos os outros que se seguiram. Tal como hoje. Porque crescer também é isto: perceber o quê, o quem, o onde que nos fazem felizes. Aceitar o que foi, abraçar o que ainda não é mas já começa a ser. Sem medo, com a certeza de que temos a vida toda para nos realizarmos.
 
 
 
 
 
 
Sometimes I get to feelin'
I was back in the old days - long ago
When we were kids when we were young
Thing seemed so perfect - you know
The days were endless we were crazy we were young
The sun was always shinin' - we just lived for fun
Sometimes it seems like lately - I just don't know
The rest of my life's been just a show
 

domingo, 14 de julho de 2013

sábado, 13 de julho de 2013

Foi há tanto tempo que nem sei bem se ainda me lembro como se faz isso de estar de papo para o ar.

(ao D.)
 
 
A outra, com o seu irrepreensível ar british, escandalizou-se com a descoberta do fim de semana e da existência de dois dias livres para a criadagem. Eu é mais férias. O que são férias?



sexta-feira, 12 de julho de 2013

"Carris: sindicatos exigem subsídio para ir ao barbeiro"

Estes senhores dos transportes queixam-se por tudo, por nada e por mais qualquer coisa. Entendo que ninguém queira perder direitos, respeito que se manifestem e até que exijam mais e melhores condições laborais. Cada um queixa-se do que lhe dói! Mas se há classe trabalhadora que me tem "andado a agoniar o canal" (como diz mamãe), é a malta transportadeira. E só para lhe acabar com as tosses e as manias, ainda esta semana limpei uma indemnização à CP por causa dos frequentes, recorrentes e incoerentes atrasos nas viagens.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Afinal quem manda aqui?

Num país onde tudo é, volta e meia, considerado insconstitucional, vem o senhor Presidente da República, recém ressuscitado, assegurar que ou há entendimento no recreio do jardim infantil ou há outras alternativas, nomeadamente as soluções previstas no quadro do sistema jurídico-constitucional. Pois, 'tá bem abelha!

Next round.

Estou viciada (até acordar virada para outro lado e nunca mais me alembrar da jogatana, que eu cá sou pouco dada a competições) num certo jogo. Dá-se o caso que a coisa corria bem e era divertido. Até ter chegado a um nível em que, por mais vezes que o passe, sempre que cometo um erro no nível seguinte recuo para o anterior. Inevitavelmente, dou por mim a pensar que me sucede o mesmo na vida: por mais que me esforce e que faça as coisas bem neste nível nunca tenho hipóteses de passar (a)o seguinte. Acontece que eu recuso-me a aceitar essa de que a lagartixa não nasceu para ser jacaré. Só que cansa! Oh se cansa!

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Onde andas tu?

Há poucas coisas tão tristes quanto olhar alguém nos olhos e não ver lá nada. Vazio apenas. Onde outrora brilhava a vida.

terça-feira, 9 de julho de 2013

"Árbitro matou jogador e foi esquartejado pelos espetadores"

Porque raisdiabo um árbitro usa uma faca à cintura durante um jogo de futebol? Haja alguém que se chegue à frente com uma explicação, se faz favor.

Ai aguentamos, aguentamos.

«Portas é tão frágil como Seguro, mas mais bronzeado e a fazer de conta que é liberal. Infelizmente, para ele e para nós, depois do balão do CDS esvaziar, sobrará a realidade do muro da dívida, da Europa do Norte em negação e de um processo longo e socialmente arriscado de ajustamento.

Mas a memória das pessoas é curta e o entendimento da economia fraco - e Portas pode vir a colher os louros, sobrevivendo politicamente. Afinal, fomos postos na mesa de póquer por isso, não foi?»
 

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Há os amigos... e há o LV! *

Se para o meu pai o que se leva desta vida são os empanturranços míticos com que faz pasmar quem assiste aos seus jantares, já para a maioria dos comuns mortais menos pantagruélicos o mais importante serão sempre os amigos e as vitórias do Benfas (nem sempre por esta ordem de ideias). Eu, banal que dói, terei de me incluir no grupo dos que acha que morreria feliz amanhã por ter tido o gosto de contar entre aqueles a quem chama Amigos alguns espécimes raros como o LV. O LV faz parte da minha vida desde... sempre. Separados no tempo apenas por duas colheitas, não me lembro de ele não existir. Fui eu que o ensinei a andar de bicicleta ainda na Escola Primária, foi ele que tentou (em vão) ensinar-me a dançar. Com ele partilhei alguns dos momentos mais divertidos da minha vida, como o episódio do célebre arroz de pato (a que voltaremos em momento mais oportuno) e uma ou outra bebedeirita sem jeito, bem como alguns duros golpes do destino. Fundamentalmente, subtraídas todas as coisas que importam menos e somadas todas aquelas que dão sentido às existências, temos que, mais perto ou mais longe, sempre arranjámos maneira de estarmos um para o outro. O melhor de tudo? A empatia. O riso ainda antes da história terminar (às vezes antes mesmo de começar), o completar das frases, as coisas que nem precisam de ser ditas porque se adivinham pensamentos. Não sei se relações assim se constroem, se nascem espontaneamente, fruto de um entendimento que escapa à lógica. Sei que funcionamos.
Num ano especialmente complicado para mim o LV foi uma presença constante mesmo quando não estava comigo. À sua maneira cuidou de mim. Num ano particularmente difícil para mim (por motivos vários e frustrações a rodos), o LV mudou-se para longe. Foi atrás da felicidade e encontrou-a. E nem por um momento que seja fiquei triste. Deveria, porque as saudades invariavelmente trazem consigo aquela nostalgia dos dias vazios, dos abraços que tardam, dos reecontros adiados. Pelo contrário, experimentei nestes dias aquele desprendimento que advém da alegria sincera de ver feliz um amigo a quem quero tanto bem, a fazer o que gosta, a singrar na vida, a ser feliz, imensamente feliz por colher o merecido fruto de tanta dedicação.
Já passaram muitos meses desde que entre nós se entrepuseram muitos quilómetros. E curiosamente nunca estivemos tão perto um do outro. Podia descrever o LV com todos os adjectivos do mundo e não chegariam para dizer o que ele é para mim. Cada chamada é um relato do outro lado da vida, da dele e da minha, do desenrolar dos dias, da confissão da saudade, das estórias e peripécias. Cada chamada é sobretudo um sorriso devolvido, porque o LV tem o riso mais contagiante de todos os meus amigos e conta-me as histórias mais patetas que sempre me deixam se sorriso rasgado. Como a de ontem.

LV - Ó sô D. Glória, então vai fazer de quê na peça de Natal da escola?
Sô D. Glória - De Elfo.
LV - De Elfo? Muito bem. Mas de qual deles? É que há vários...
Colega - De elFo mais fraco!!!
 
 
* Texto revisitado, por ocasião do aniversário do meu querido LV. Parabéns, meu grandessíssimo artista mai'lindo e talentoso. Que seja(mos) sempre muito felizes!

Não sei quanto tempo mais aguento esta moda da destilaria...

Pode ser que seja do meu cérebro estar a pipocar mas ia jurar que em minha casa para além da água sair tépida das torneiras até a pasta de dentes estava quente!

domingo, 7 de julho de 2013

Coisas com que não posso nem à lei da bala #2

Há pessoas que para darem a entender que se desmancharam a rir com as nossas piadas soltam um muy eloquente lol, um ahahah, um eheheh ou um ihihih.
Há pessoas cujo som da gargalhada chega através de um "estamos espiruituosas hoje" ou "Tu vens obsceno de Celorico, Ega!".
Adivinhai quem me merece resposta e quem fica a olhar para o ecrã vazio do telemóvel.
Poupande-me, fazendo favor!!

sábado, 6 de julho de 2013

Não nos fiquemos pelas Marias...

Desengana-te se pensas que o pódio é todo teu Paula Cristina. E tu também Joana Isabel. Eis que conheci uma Carmen Lúcia. Sim, como a Carminho da novela. Estamos faladas, não estamos?

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Não é mau feitio. Tinha era fome!

Quando eu penso que no tocante a atendimento ao público já vi e ouvi de tudo, eis que há sempre mais algum(a) cromo(a) disposto(a) a encimar a lista de bacoradas das mais valentes jamais vistas. A última deu-se numa Padaria cujo nome nem preciso de dizer porque não me paga para a publicitar (muito menos tratando-se de má publicidade) e porque tenho intenções de a riscar de vez do meu mapa.
Caríssimos senhores da dita pastelaria, a ver se nos entendemos: da terra de onde eu venho (e tenho cá para mim que na terra de quase todas as outras pessoas) uma torrada implica duas fatias. No mínimo. Pode ser uma fatia compridona cortada em duas. Ou podem ser duas mais pequenas. Mas uma só fatia, de tamanho pequeno (nem médio era), não é uma torrada aqui nem em lado nenhum! 
Dava tudo para a rapariguinha ter desatado a argumentar comigo quando lhe disse que o singular - torrada - está para as duas fatias como sandes está para um pão só: é assim mesmo e pronto!
 
Se ainda ao menos me pagassem para vos andar a educar!

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Chanel N.º5 com o alto patrocínio da BP.

Não bastava eu ter zero jeito para pôr combustível na viatura (já aprendi porque é que a porra da pistola está sempre a disparar e já não demoro três quartos de hora para pôr 15 aerius de gasoile). Não. Não bastava. Para o ramalhete se compor como deve ser convém que quando a gente tira a mangueira do depósito para a colocar na bomba venha uma rajada de vento. Das boas. De maneiras que foi assim: as últimas gotas - ainda por sacudir - salpicaram-me as calças de ganga e a blusinha de seda. Nada de mais: só por sorte não me transformei numa tocha humana, mas 'tá tudo, Universo! 'Tá tudo! O que vale é que apesar das nódoas fiquei a cheirar bem. Valha-me ao menos isso!

quarta-feira, 3 de julho de 2013

É oficial: voltei a ser azarada!

Não chegava o Gasparzito e o Paulinho das Feiras darem-se a ares de ofendidiços e meterem-se ao fresco (mesmo a tempo das férias) tramando-me forte e feio, ainda houve por aí um génio no Expresso que teve a feliz ideia de querer continuar Os Maias. Pergunto: planeiam acabar com os gelados de canela e pistachio também? Tirai-me de vez as alegrias que me restam, vá.

Se calho a ter pensado nisto antes estava milionária!

Palavra de honra que devo ser das pessoas com menos visão que conheço! Quando digo "visão" refiro-me aos "ovos de Colombo" que a toda a hora surgem por este mundo fora e que me dou conta também me haviam acontecido muito antes destes caramelos resolverem fazer dinheiro com palermices.
Tipo este velho bazaroco do Japão que se queixa de não entender os pugramas televisivos favoritos por terem demasiado palavras em inglês e de isso lhe causar «angústia emocional». Olhe, senhor-japonês-espertalhaço-de-uma-figa: então que direi eu que permanentemente fico à beira de um colapso nervoso com coisas como «ezitar», «deichar», «decerteza», «hádem», «ouvisto», «enportamte» ou (as minhas preferidas) «Cai o cabo e a Trindade» e «Não me caem os parâmetros na lama»?

terça-feira, 2 de julho de 2013

O Universo conspira para que não me falte nada.

Ai andavas a queixar-te de falta de tempo para ires à praia e para te esparramares a ler? Ora toma lá mais um "pedido" atendido. 

Eu também gosto muito de ir à praia.

Há um leque jeitoso de pessoas na minha vida que creio terem como único desígnio da sua medíocre existência convencer-me da maravilha que é essa nobre arte de "fazer praia". Ora, é trabalho escusado porque, como se sabe, sou uma fã incondicional do mar, da areia e do sol então até me poupo de falar. Nas incursões cada vez menos frequentes que faço à praia gosto de tudo: do nalguedo cada vez mais exposto; da falta de noção (não confundir com auto-estima) das banhudas que teimam em usar biquinis como se a dieta que começaram há três semanas tivesse tido os efeitos que os folhetos prometiam; das minhas manchas e dos inevitáveis escaldões (o meu protector solar vai passar a ser uma burka); dos putos em correria que me enchem a toalha de areia e, pior, me acordam com guinchos quando estou a meio de uma agradável e mais do que merecida sesta; das boladas que de quando em vez me acertam na moina (relembro o célebre episódio da bola de rugby que me deixou prostradinha uns quantos minutos e que um dia há-de merecer aqui o seu tempo de antena).
Hellooo! Ide-vos encher de moscas, praiófilos da minha vida, porque a única coisa boa de ir à praia é que quando me deito na areia estou a fazer uma exfoliação automática e isso poupa-me a maçada de me esfregar com mistelas durante o banho semanal (quando calha, vá, que a água está cara e a electricidade nem se fala).

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Gosto de pessoas que usam metáforas. Gosto ainda mais quando as usam com uma ponta de sarcasmo.
Gosto de pessoas que não fingem que não têm problemas e que têm vidas perfeitas, onde tudo coexiste em equilíbrio e harmonia.
Gosto de pessoas que se queixam, mas que o fazem a brincar, exagerando os relatos, desdramatizando com drama.
Gosto de pessoas que hiperbolizam porque o riso tem de ser em exagero e o exorcizar das tristezas também.
Gosto de pessoas que acordam bem dispostas e que não se irritam facilmente.
Gosto de pessoas com pelo na venta e sangue na guelra, prontas a explodir.
Gosto de pessoas subtis.
Gosto de pessoas diretas.