Porque, definitivamente e sem sombras de dúvidas, nós temos o país que merecemos! Ai temos mesmo.
Cenário: cuidáveis vós que eu vos andava a endrominar com a historinha de enviar coisas para Timor, mas não era brincadeira. Tirei-me de cuidados, alevantei-me cedíssimo, fiz as ditas compras e fui aos CTT enviar as coisinhas para serem distribuídas por quem mais precisa delas. Carregada com mil e uma caixa, não tive outro remédio se não, à boa maneira bertolda, enfiar o xizato que a funcionária me emprestou no bolso de trás das calças para libertar as mãos. Nunca mais me lembrei dele e foi nessas figuras [com um xizato tamanho XXL, cor de laranja florescente a querer cair do bolso dos jeans] que fui apanhar os transportes e que me andei a passear pelas ruas da cidade. Ora, chegada a casa dou-me conta do aparato e pensei logo em ir devolver o dito cujo. A questão que se coloca aqui é: eu até estou precisada de um xizato, que é coisa para dar jeito lá por casa e no trabalho. Já o mesmo não pensa a senhora a quem o tentei - notai: tentei! - devolver, que insistia que poderia ser engano. Sim, tinha um a mais em casa e vim doá-lo! E insistia que não era dela. Pois não, não era! Era de todos, porque era dos CTT. Se fosse numa empresa privada, se ela mesma tivesse comprado o seu material como eu tive de fazer apesar de trabalhar num organismo público se calhar estimava-o e provavelmente dava conta que ele tinha sumido. É só um xizato, mas se multiplicarmos por todas as alminhas que acham que o material da empresa não é de ninguém temos como resultado o belo buraco orçamental. E quem diz xizato diz gasolina, diz carros, diz viagens e o diabo-a-quatro! Porque o que é do Estado é de todos, mas só quando é para receber. Quanto se trata de perceber que quando lesamos o Estado é a nós mesmos que estamos a lesar parece que as contas são complicadas de mais para se fazerem de cabeça!
Sem comentários:
Enviar um comentário