quarta-feira, 26 de março de 2014

Um conde como já não se fazem!

«Olhe menina, a mim o que me apetece é entrar por um desses estabelecimentos [da Função Pública] adentro, com uma metralhadora. Não quero matar inocentes - Deus me livre! - mas apetece-me dar cabo do coiro a esses bandidos que nos governam. Que eu cá sou perito em explosivos e como já estou com 84 anos pensei: Não vou agora acabar os meus dias num asilo onde só há mortos vivos. Não, senhor! Como sou perito em explosivos - já lhe tinha dito isso, não já? - faço um daqueles coletes como os daqueles moços que se mandam pelos ares lá para aqueles países. Mas eu sou mais esperto que eles! Não rebento comigo, era o que mais faltava, que eu não sou tolo. À uma sou descendente de um conde, à outra eu sei dar ao gatilho e fujo. Estoiro só com o colete, 'tá-me a compreender? E depois vou preso. A Carregueira é melhor que um asilo. Bem sei que está cheia de pIdófilos, mas olhe, eu também posso ser pIdófilo... mas é de meninos com mais de trinta anos. Como desses polícias que para aí andam feitos patetas. Era pregar com eles todos na lavoura que aquilo é uma corja que veio da província, gente que só comia batatas com azeite ao almoço e ao jantar, e que agora tem a mania que podem. Ah, já agora menina, cuidado com as barrinhas oblíquas que usam aí nos textos e assim. Sabe que aquilo para mim é um número. Sabia lá eu que era uma barrinha? Ora, quando era moço, estava um dia no Paiol - que eu era da Artilharia e dos Explosivos - vem uma ordem do comando, eu pensei que a barrinha era um número, armou-se uma confusão porque desatámos a disparar e quando demos por ela já estávamos a bombardear Setúbal. Imagine a barafunda!»


 
Nota 1: Com 84 anos acha que é o Usain Bolt: foge assim que dá ao gatilho! Ah Rambo!
 
Nota 2: Está visto que sou uma campónia de primeira! Eu cá adoro batatas torradinhas na brasa, regadas com azeite e com umas azeitoninhas a acompanhar.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Eu sou o género de pessoa que... #4

Já vos aconteceu avistardes ao longe um carro que pensais ser o de papai, parardes a marcha do carro que ides a conduzir, apitardes e abrirdes a janela do veículo porque pensastes: «Olha, vem ali o pai!»... mas nos entretantos dardes-vos conta de que não pode ser ele no outro carro que convosco se cruza porque, apesar de ser igualzinho ao dele, quem na verdade o está a conduzir sois vós? Pois a mim já me aconteceu e o outro senhor ainda hoje deve julgar que aquele alarido todo foi por termos carros iguais ou por eu pensar que há um clube ou uma seita de donos daqueles carros e quando se cruzam têm um ritual próprio de cumprimento. Como vedes envergonho-me a mim mesma, não é só aos outros!

sexta-feira, 14 de março de 2014

Tal & Qual #7

«[...] porque os melhores amigos são, precisamente, aqueles que têm a presunção e a legitimidade para nos lixarem o juízo até fazermos aquilo que eles entendem ser o melhor para nós [...]»
 
O Alfaiate Lisboeta

quarta-feira, 12 de março de 2014

Eu sou o género de pessoa que... #3

... mete um bolo no forno e atira-se para o sofá, repimpada a ver o "My Fair Lady". Voltei a lembrar-me do bolo, já ele era um tição, porque tocaram a campainha e ao atravessar a sala senti o cheirinho a esturro. Não peguei fogo à cozinha sabe Deus como...

segunda-feira, 10 de março de 2014

Redacção: “Quando for grande quero ser como tu”

A Joana é minha amiga há alguns anos. Muitos, vá. Andámos juntas na Escola, numa altura em que ela acha que éramos feiosas e cheias de borbulhas na cara. Ela está sempre a dizer que ainda bem que o tempo passou e que melhorámos bastante. Eu não acho nada! Eu acho que ela é e sempre foi linda.
A Joana tem uns caracóis – agora tem menos – que nós puxamos e voltam à forma original. Passávamos a vida a fazer isso porque era muito engraçado. O cabelo dela era fofinho, fofinho.
A Joana nasceu com umas complicações de saúde e de lá para cá tem coleccionado cicatrizes. Está toda aos retalhos mas ninguém diria porque tem mesmo muito bom aspecto quando se olha para ela. Menos quando anda cansada e tem olheiras.
A Joana quando está cansada descompensa um bocadinho. Desata a rir por tudo e por nada e nós também começamos a rir contagiados pelo riso dela. Parecemos um bando de tolinhos. E somos, vá.
A Joana gosta muito do que faz e tem sempre histórias malucas para contar. Às vezes tem de ser muito paciente para não dar com uma cadeira em cima das pessoas palermas que lhe calham em sorte aturar mas ela contém-se porque é muito profissional e dedicada. Se fosse eu era logo à chapada e pronto.
A Joana anda sempre com o telemóvel atrás dela mas quando calhamos de lhe ligar nunca atende e isso dá-me nervos. O telemóvel dela era uma porcaria por isso recebeu um novo nos anos mas esse também se estragou e agora anda com o velho. Não oiço nada do que ela diz e às vezes as nossas conversas parecem coisa de gente maluquinha, com uma a dizer uma coisa e outra a falar de outra completamente diferente.
A Joana adora cereais e iogurte e manga. Compreendo-a perfeitamente. Iogurte e manga é do melhor que há para encher a pancita. Também gosta de Vodka Preta (não é todos os dias, é só quando saímos) mas eu não vejo qual é a piada dessa bebida.
A Joana tem uma família completamente disfuncional (como a de toda a gente) mas que funciona muito bem. A casa dela é muito acolhedora e eu sempre que posso enfio-me lá e colo-me às almoçaradas. Normalmente há zaragata com o pai dela por causa das gomas.
A Joana já me levou a ver a Ivete Sangalo nas férias e jogou raquetes comigo na praia. Não foi neste ano, foi no outro passado, no anterior. Foram umas férias muito engraçadas. Não passei vergonha nenhuma com o pai dela sempre aos berros a chamar pela “Lena” e a tentar casar-nos com os marroquinos que vendem quinquilharias.
A Joana acha que sabe cantar. Mas eu nunca vi na vida ninguém com tão pouca afinação e talento musical. Chega a ser doloroso quando ela decide esganiçar-se. Normalmente quando ela actua acabamos a chorar. Não é em sofrimento, é de tanto rir das figuras que ela faz.
A Joana é pequenina e facilmente uma pessoa a perde de vista. Mas nunca nos esquecemos dela em lado nenhum porque se sente logo a falta dos miminhos e das parvoíces dela.
A Joana quase nunca se zanga com ninguém mas quando se chateia é muito bravisca. Mas anda sempre bem-disposta e é muito raro ralhar com alguém porque ela é muito bem humorada.
A Joana tem sempre tempo para os amigos e para ajudar no que for preciso. Manda mensagens, faz visitas, lembra-se de nós durante o dia e faz surpresas. 
A Joana é minha amiga. Muito minha amiga. Quando for grande eu quero ser como ela!

quarta-feira, 5 de março de 2014

Eu sou o género de pessoa que... #2

... se enfia no autocarro, que por acaso calha de ser o último do dia, saca do seu Ecinha e vai por ali afora contente da vida. Tão contente que se esquece de que convém descer na sua paragem e estar atenta. Mas não! Quando se apercata da situação está nos confins do mundo e alomba com 3,5km a pé, de sapateca de salto, para regressar a casa, já noite cerrada. Mas o livrinho valia bem a pena! :)

domingo, 2 de março de 2014

Vi eu com estes dois olhinhos! #4

"Chove? Ah, então deixa cá ver com que modelito vou enfrentar o temporal... Posso levar o guarda-chuva e... esta sabrininha tão apropriada para fazer frente à intempérie. E, não vá o Diabo tecê-las e apanhar um resfriado, deixa cá calçar o peúgo que combina tão bem com a sabrina!"

Porquê Senhor, porque é que me tentais desta maneira?