segunda-feira, 10 de março de 2014

Redacção: “Quando for grande quero ser como tu”

A Joana é minha amiga há alguns anos. Muitos, vá. Andámos juntas na Escola, numa altura em que ela acha que éramos feiosas e cheias de borbulhas na cara. Ela está sempre a dizer que ainda bem que o tempo passou e que melhorámos bastante. Eu não acho nada! Eu acho que ela é e sempre foi linda.
A Joana tem uns caracóis – agora tem menos – que nós puxamos e voltam à forma original. Passávamos a vida a fazer isso porque era muito engraçado. O cabelo dela era fofinho, fofinho.
A Joana nasceu com umas complicações de saúde e de lá para cá tem coleccionado cicatrizes. Está toda aos retalhos mas ninguém diria porque tem mesmo muito bom aspecto quando se olha para ela. Menos quando anda cansada e tem olheiras.
A Joana quando está cansada descompensa um bocadinho. Desata a rir por tudo e por nada e nós também começamos a rir contagiados pelo riso dela. Parecemos um bando de tolinhos. E somos, vá.
A Joana gosta muito do que faz e tem sempre histórias malucas para contar. Às vezes tem de ser muito paciente para não dar com uma cadeira em cima das pessoas palermas que lhe calham em sorte aturar mas ela contém-se porque é muito profissional e dedicada. Se fosse eu era logo à chapada e pronto.
A Joana anda sempre com o telemóvel atrás dela mas quando calhamos de lhe ligar nunca atende e isso dá-me nervos. O telemóvel dela era uma porcaria por isso recebeu um novo nos anos mas esse também se estragou e agora anda com o velho. Não oiço nada do que ela diz e às vezes as nossas conversas parecem coisa de gente maluquinha, com uma a dizer uma coisa e outra a falar de outra completamente diferente.
A Joana adora cereais e iogurte e manga. Compreendo-a perfeitamente. Iogurte e manga é do melhor que há para encher a pancita. Também gosta de Vodka Preta (não é todos os dias, é só quando saímos) mas eu não vejo qual é a piada dessa bebida.
A Joana tem uma família completamente disfuncional (como a de toda a gente) mas que funciona muito bem. A casa dela é muito acolhedora e eu sempre que posso enfio-me lá e colo-me às almoçaradas. Normalmente há zaragata com o pai dela por causa das gomas.
A Joana já me levou a ver a Ivete Sangalo nas férias e jogou raquetes comigo na praia. Não foi neste ano, foi no outro passado, no anterior. Foram umas férias muito engraçadas. Não passei vergonha nenhuma com o pai dela sempre aos berros a chamar pela “Lena” e a tentar casar-nos com os marroquinos que vendem quinquilharias.
A Joana acha que sabe cantar. Mas eu nunca vi na vida ninguém com tão pouca afinação e talento musical. Chega a ser doloroso quando ela decide esganiçar-se. Normalmente quando ela actua acabamos a chorar. Não é em sofrimento, é de tanto rir das figuras que ela faz.
A Joana é pequenina e facilmente uma pessoa a perde de vista. Mas nunca nos esquecemos dela em lado nenhum porque se sente logo a falta dos miminhos e das parvoíces dela.
A Joana quase nunca se zanga com ninguém mas quando se chateia é muito bravisca. Mas anda sempre bem-disposta e é muito raro ralhar com alguém porque ela é muito bem humorada.
A Joana tem sempre tempo para os amigos e para ajudar no que for preciso. Manda mensagens, faz visitas, lembra-se de nós durante o dia e faz surpresas. 
A Joana é minha amiga. Muito minha amiga. Quando for grande eu quero ser como ela!

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