O Anjo de loiça da minha Avó é o mais bonito da aldeia. Por isso, todos os Natais a mordomia do Menino Jesus costumava pedir-lho emprestado para pôr no cimo do Presépio da Igreja. Entretanto, em casa, Ela diligenciava para que o "nosso" presépio fosse o mais lindo. E era. Sempre foi. Com o musgo fofinho a fingir encostas, com a serradura a traçar os trilhos, com água e patinhos no lago, com a Banda Filarmónica, com o rebanho e os pastores, com os Reis Magos que todos os dias fazíamos avançar um pouquinho mais até à gruta onde nasceu o Menino, com o pratinho para a "esmola". Este ano não há presépio. Mas do que realmente sinto saudades, mais do que do presépio engalanado da Avó, é da árvore. Da Árvore da minha infância. Modestíssima, quase sem bolas, quase sem fitas, com umas luzitas trémulas, verdadeira, escolhida por ela, cortada no campo e com as pinhas e os Pais-Natais de chocolate para os netos, pendurados, a enfeitá-la. Ah, e das Tuas mãos. As saudades que tenho das tuas mãos dedicadas que obravam essas pequenas maravilhas.
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