sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

recomeçar

Julian Barnes, em Os Níveis da Vida divaga sobre a dor que o consumiu [ainda consome] após a morte da sua mulher, com quem esteve casado durante 30 anos, que era sua amiga, sua companheira, de quem sente a falta permanentemente. Discorre sobre o que implicou para a sua vida a morte dela.
 
Hoje pensava nisso - na morte dos que nos são queridos e na sua permanência em nós, na sua existência para além do fim, porque como ele diz «apesar de mortos ainda são».
A mim as pessoas não me morrem quando o seu coração para. Nem quando mo comunicam. Nem tão pouco quando vão a enterrar. As minhas pessoas morrem-me no meu regresso a casa, porque só aí me dou conta de que terei de continuar sem elas e, apesar de tudo parecer estar nos mesmos sítios, tudo mudará, tudo está já mudado. As minhas pessoas morrem-me quando tenho de voltar para a vida sem elas.
Desde que me morreste ainda não consegui voltar a tua casa. Ainda não foi desta que subi finalmente as escadas. Porque sei que ao passar pela porta não vais estar lá e, confesso, como quem não quer a coisa, tenho andado a adiar a tua morte.

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