terça-feira, 31 de dezembro de 2013

O que se segue?

Em 2013 aprendi.
 
Aprendi a fazer coisas novas, novas técnicas, novas formas. Aprendi a trabalhar com novas dinâmicas e em novas circunstâncias.
 
Aprendi a cair de bicicleta com muito mais estilo, a controlar a respiração nas inclinações longas para me poupar a esforços, a fazer subidas totalmente em pé, a descer com mais técnica.
 
Aprendi a ouvir o meu corpo e a conhecer-lhe os limites. Aprendi que quando começo a pensar em laranjas é porque estou a ficar desidratada (esquisitices minhas!). Aprendi que o corpo trabalha mas a mente é que controla.
 
Aprendi a consertar uma persiana, a improvisar escadotes para mudar lâmpadas, a limpar o filtro da máquina de lavar.
 
Aprendi a fazer saladas deliciosas, a apreciar o sabor gelado de uma cerveja num dia quente.
 
Aprendi a marchar nos Santos (tentei, vá).
 
Aprendi a amar Lisboa.
 
Aprendi a não me importar que me olhem de lado quando me surpreendem na rua a trautear músicas de Natal (entre outras). O ar é de todos: ide mas é chatear o Camões, gente com ar carrancudo!
 
Aprendi a relativizar. Irritei-me imensamente. Barafustei como nunca. Reclamei até à exaustão (nomeadamente com a CP). Fiz birras monumentais. Cultivei, por assim dizer, o meu "bom" feitio. 
 
Aprendi a deixar os problemas à porta de casa, junto com a lama dos sapatos sacudidos no tapete.
 
Aprendi a rir-me de mim mesma, a divertir-me com as desventuras que, inevitavelmente, pautam os meus dias, a tirar partido do inusitado.
 
Aprendi que não é só nas adversidades que temos de nos revelar fortes. Ser feliz exige coragem. Ser feliz por inteiro, ainda que apenas por momentos, implica não ter medo nem hesitar. Ser feliz dá um trabalho do caraças! Podemos fingir sorrisos e boa disposição, mas não o brilhozinho nos olhos de quando estamos de bem com a vida.
 
Aprendi que há sempre lugar na nossa vida e no nosso coração para mais uma pessoa, para várias pessoas, com que nos formos cruzando, com quem nos identifiquemos, que nos façam bem.
 
Aprendi que os amigos se conquistam, se mimam, se preservam a cada dia. Aprendi algumas pessoas, prestando-lhes mais atenção, deixando que (se) me ensinassem.
 
Aprendi que nada se compara ao sangue, ao amor incondicional da família que me foi determinada pela genética.
 
Aprendi a lidar com a morte com uma perspectiva completamente diferente. Aprendi a aceitar – tanto quanto possível – o término de um ciclo, a inevitabilidade do fim; entendendo que quando cumprimos a missão que nos foi confiada podemos partir em paz.
 
Aprendi que nascemos e morremos sozinhos, por mais pessoas que nos rodeiem. Aprendi que há caminhos que percorremos a solo, sabendo-nos respaldados por quem nos quer bem.
 
Aprendi que a vida é feita de ciclos. De ciclos que precisamos de experienciar para alcançarmos novas etapas de forma mais madura. Talvez a partida da D., daquela maneira, que apesar de esperada me apanhou de surpresa, me tenha servido para aprender a viver a doença e a morte da Avó com tanta serenidade. Talvez as decisões que achava terem sido erradas me tenham trazido até aqui, depois de curvas e contracurvas, de muitos ziguezagues, mais inteira e mais consciente do que consigo fazer, de que fibra sou feita. Talvez ainda me esperem, num futuro, dias ainda mais duros do que os que já vivi. E que por lhes ter sobrevivido me ensinaram quem sou. É possível que graças a isso eu saiba futuramente encarar os dias maus como se fossem apenas menos bons.
 
Aprendi a não dar nada como certo. Aprendi que tudo é perecível e que não há certezas absolutas. E aprendi que, por isso mesmo, é preciso desfrutar de cada dia, tirar partido de cada momento.
 
Em 2013 aprendi. (Re)Aprendi a ser Feliz.

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