quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Amamentar é como usar leggings: não é para serem usadas por todas nem em todo o lado!

Não é sempre, mas de quando em vez, mormente quando o calorzinho assim o pede, somos meninos para depois de uma passeata de BTT alapar no sítio do costume, a lambuzar-nos com umas certas tostas que são divinais. Ataviados de lycra e empoeirados ou enlameados (consoante a estação do ano) sentamo-nos na esplanada. Comemos, bebemos, conversamos, convivemos. Nas mesas ao lado outros grupos fazem o mesmo. Calhou que num destes dias a mesa do lado foi ocupada por uma família e um par de amigos da dita. A senhora que hoje aqui me traz botava um corpinho jeitoso. Só por si isso atiça-me logo a má língua. [Sim, sou uma verrinosa e desculpar-me-eis, mas falar mal todos falamos, ao menos eu tenho o bom senso de o fazer de forma discreta e nada ofensiva, creio]. Vai que a dita senhora decide que bem bem é começar a dieta no ano que vem e nos entretantos ir avolumando com uns gelados. Até aqui tudo ok. Cada um sabe de si e o Serviço Nacional de Saúde saberá de todos. Acresce que a referida senhora, do nada, saca da mama direita (para que vejais como me marcou a cena até esses pormenores decorei), deita o seu mais-novo e vai de lhe dar de mamar ali. A peitaça da senhora era assim um encontro entre a da Kim Kardashian e a da Pamela Anderson: um tamanho de alto lá com ela que até eu fiquei de olho à banda, quanto mais os moços que me acompanhavam. Pasmámos de imediato. Na esplanada. Enquanto se lambuzava (uso o verbo com toda a propriedade porque comia mesmo sem maneiras) com o gelado, a senhora amamentou o seu filhote. A páginas tantas a criança já não comia, brincava com a mama, choramingava, e a senhora ali, toda contente, com o peito de fora continuava a comer o seu gelado e a gargalhar alto. Fomos, dirão alguns, uns tolinhos: amamentar é um acto natural que não deve suscitar qualquer admiração. E se assim é onde reside aqui o insólito ou o estranho, o correcto ou incorrecto da situação? Pois que eu acho bem: se a Mulher quer amamentar e pode, faça-o à sua real vontade. Mas vamos lá ver: há situações e situações e há locais e locais. E, sobretudo, há formas e formas de o fazer.
 
Neste momento o mundo blogosférico está em guerra. Esta fofucha, que até tem piada e tudo, cometeu  o "erro" de criticar a malta que decide alimentar em público os seus filhos sem recato algum. E foi um vai-que-te-avias, de mães de varapau em mão, a atacar a moça, argumentando que é um acto natural e que não vêem qual o mal de o fazer em público, e que as pessoa se ofendem com pouco, e que é uma falta de respeito pedir que as pessoas se tapem enquanto o fazem. Vamos lá ver aqui uma coisa: aqueloutra senhora de que vos falo ali em cima teve, certamente, uma postura bem diferente da que deu origem ao post da Leididi e ao meu e a outros tantos. "Hotel obriga mãe a tapar-se com um pano para amamentar bebé" Nas fotos podemos ver a senhora, numa postura bastante mais recatada do que a da esplanada, que insistia em ter aquele mamaçal todo exposto, sem cuidado algum. Estão ambas no seu direito, tal como o Hotel. Mais uma vez não se peca tanto pelo conteúdo e muito mais pela forma.
 
Sumariamente: não tenho nada contra mães, menos ainda contra mães amamentadeiras. Mas a modos que nestas coisas acho que não custa usar o bom senso, perceber os contextos e, embora o ar seja de todos e cada um faça o que quer, procurar respeitar os outros. Por mim aplicamos a regra das leggings: existem, podem ser usadas, mas não é por todas nem em todo o lado. Qual é a necessidade de me obrigarem a ver rabos encelulitados até mais não? Da mesmo forma as mamas das mamãs que amamentam poderiam ser mais resguardadas. É que por cada injustiçada que se comporta como deve ser em público temos outras tantas que não têm noção e que simplesmente fazem de um acto ímpar entre mãe e filho um momento completamente insólito e vulgar!

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