segunda-feira, 6 de maio de 2013

As pessoas arruinam-me as hipóteses de ir para o Céu!

Segundo uma sondagem altamente credível, realizada por moi-même, sou levada a concluir que as pessoas gostam de viver no limite e saborear o risco. Se não vejamos: o que esperam que suceda se me põem a trabalhar com um grupo de cem pessoas, oriundas de todo o mundo? Eu diria, conhecendo-me minimamente, que é dar-me - de bandeja - uma centena de motivos para a chacota.

O primeiro prenúncio do desastre não tardou em se dar. Estava eu, posta em sossego, a escrevinhar, quando uma vozinha sumida me pergunta algo. Levanto o olhar e quase se me dá uma coisinha má. Um nariz, uma verruga na ponta. Foi só o que vi. Um dia não recuarei com pavor e cara de susto, mas hoje ainda não foi esse dia.

Acto continuo bato estes olhinhos lindos-que-que-só-eles num segurança que era um autêntico armário de 2 metros de altura por 1,5 de largura. Todo ele um exemplo de bom gosto: fato cinzento, gravata amarela, sapatos castanhos. Wowww! Calha que o dito cujo tinha as unhas mais arranjadas do que eu. E não contente, usava verniz! Foi ver-me a rir desalmadamente da figureta!

Tento concentrar-me e parecer uma pessoa normal. Meto conversa com o responsável pela função de cicerone. O desgraçado dizia "pugrama" frase sim, frase sim. Não me deu sequer hipóteses!

Melhor mesmo só o meu colega de tarefas. O pobre diabo limitava-se a grunhir "essa é que é essa" e "ora aí está". Um autêntico Steinbroken, que com estas máximas de alto gabarito evitava comprometer-se. Consegui, com esforço, ignorar os óculos tão graduados que parecia que tinha umas cortinas em vez de lentes. Mas há limites para a minha capacidade de abstração. O auge deu-se quando me apresentou esta conversa, vinda do nada, profunda e de sentido indecifrável para uma comum mortal como eu: "Lá em casa quem conduz é só a minha mulher. O meu filho é mestrando e bolseiro. Isto não está fácil para os jovens. Maneiras que num dia de manhã começo a sangrar de uma perna, aquilo não parava. E chovia. A vizinha do lado, enfermeira habituada a estas coisas, nunca vira tal acontecer. Quase me esvaio em sangue. Veio a ambulância. Eram varizes! Varizes, veja bem!" Não, não faltam aqui frases. A sequência (i)lógica foi exactamente esta.

Quando penso que já não tenho mais por onde pegar (salvo seja), há uma bimba que, temerária, se me atravessa à frente. Não é bem "atravessa". É mais "esfrega". Pois vos digo: compradas foram de certeza, mas que par de mamas, senhores! Material topo de gama!
 
A coisa não ficava completa sem uma das oradoras se ter fanicado e de eu não ter conseguido reagir porque só me ria. Eu nem sou assim, não sou má pessoa; é dos nervos, só pode...

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