quinta-feira, 30 de maio de 2013

Às vezes, por puro masoquismo, submeto-me a estas coisas. Dores dilacerantes!

Eis chegado o dia fatídico em que até eu sucumbi à tentação e parei cinco minutos para ver o Toddlers & Tiaras. Para que vejais a que ponto chega a vã existência de uma pessoa.
A apresentação deixava tudo dito. Pensava eu. Mas estava errada! Há muito mais naqueles episódios do que vocês imaginam, caros leitores! A tal ponto que dei por mim a tentar fotografar a TV com medo de mais tarde não encontrar na net as fotos do concurso para ilustrar devidamente o disparate.
Segue-se pois o resumo dos minutos de angústia que vivi.
 
 
Esta criatura, em quem os criadores do "Porquinho Babe" obviamente se inspiraram, convencida que é linda e que o mundo se rende a seus pés, bamboleia a sua piquena de 22 meses em tudo quanto é concurso. E como se ter uma mãe atolambada não fosse suficiente, descubro que é o pai da inocente criatura que lhe faz a manicure! O que vale é que não descuram a educação e a miúda tem, obviamente, maneiras! Uma lady!
 
 
 
 
 
 
 
Esta outra, toda ela um exemplo de elegância e bom gosto, é a progenitora da magnífica criatura que, irritada, proferiu estas palavras ternas e comovedoras: «Às vezes a minha mãe enerva-me e tenho de a mandar calar. E depois espanco-a com o mata moscas.» Normalíssimo! A primeira vez que sacudisse o pó aos meus pais com um mata-moscas deixavam-me as nalguinhas de tal maneira negras que era caso arrumado e nunca mais me cruzavam a ideia tais pensamentos de rebeldia.
 
 
 
 (E esta pose? Ainda me arranja ali uma distensão muscular ou o caraças! Depois não sabem onde fica África no mapa. Pudera: vêem tudo ao viés!)
 
 
Por seu turno, esta senhora que faz parte do júri saiu-se com este comentário: «Ah, eu acho que gostava de lhe ver o cabelo mais liso. Estava um pouco ondulado de mais.» Acho que é óbvia a aversão da senhora aos caracóis e às ondulações excessivas!
 
 
 
 
E podia ficar aqui até me doerem os dedos de tanto teclar, mas acho que pela amostra já deu para entender o que andais a perder. A única coisa que me causa espécie é: no meio de tanta liga protectora dos animais e afins, quem se dedica à defesa destas criancinhas sujeitas a tais barbáries? Ai, espera, quereis ver que é por gosto que aos 4 anos se submetem a práticas extremamente lúdicas como arrancar penugens com cera ou ser espremida enquanto a maquilham?
 
 
 
Se esta criança não é a viva imagem da felicidade então eu não percebo nada disto de se ser petiz, despreocupado e de bem com a vida!
 


Cinco minutos volvidos tinha a pulsação acelerada e os nervos em fanicos. Era açoitar os fedelhos sem dó nem piedade dada a insolência com que botavam faladura! Depois lá me acalmei e percebi que afinal de contas as criancinhas não têm culpa. Quando há pais que compram vestidos pavorosos, por 1200 doláres e ainda os acham baratos, para a filha se pavonear como uma pequena meretriz, besuntada até mais não, sou a favor de submeter estas pessoas a terapia intensa ou, em última análise (porque há casos sem solução), a uma lobotomia. Se bem que acho que é uma tarefa inglória tentar encontrar os cérebros para lhos retirarem.

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