sábado, 20 de julho de 2013

A minha cara diz tudo.

A pessoa que por estes dias se diz meu chefe conhece-me há apenas meia dúzia de meses. Ontem de manhã quando chegou  ao Gabinete perguntou-me «Porque está tão em baixo?». [F., deixa-te de pensamentos perversos porque o «em baixo» era em termos de ânimo!] Sem querer retirar sensibilidade ao seu gesto, saliento que o senhor mal me conhece. Não é birrinha, amuo, cansaço ou sono. É tristeza. E não há nada que nos apague mais do que estarmos tristes. O que acontece que trago sempre estampado na cara o que me vai na alma, quer seja bom quer seja mau. Há quem chore mansamente, quase para dentro, como quem limpa a alma em suaves massagens. Eu sou mais de esfregar, choro convulsivamente, falta-me o ar e o peito parece rebentar. Felizmente, rio-me da mesma maneira: com gargalhadas sonoras, cristalinas, que me abanam o corpo e me fazem estremecer a alma em cócegas ternurentas. Basta olha para mim e ver.