segunda-feira, 8 de julho de 2013

Há os amigos... e há o LV! *

Se para o meu pai o que se leva desta vida são os empanturranços míticos com que faz pasmar quem assiste aos seus jantares, já para a maioria dos comuns mortais menos pantagruélicos o mais importante serão sempre os amigos e as vitórias do Benfas (nem sempre por esta ordem de ideias). Eu, banal que dói, terei de me incluir no grupo dos que acha que morreria feliz amanhã por ter tido o gosto de contar entre aqueles a quem chama Amigos alguns espécimes raros como o LV. O LV faz parte da minha vida desde... sempre. Separados no tempo apenas por duas colheitas, não me lembro de ele não existir. Fui eu que o ensinei a andar de bicicleta ainda na Escola Primária, foi ele que tentou (em vão) ensinar-me a dançar. Com ele partilhei alguns dos momentos mais divertidos da minha vida, como o episódio do célebre arroz de pato (a que voltaremos em momento mais oportuno) e uma ou outra bebedeirita sem jeito, bem como alguns duros golpes do destino. Fundamentalmente, subtraídas todas as coisas que importam menos e somadas todas aquelas que dão sentido às existências, temos que, mais perto ou mais longe, sempre arranjámos maneira de estarmos um para o outro. O melhor de tudo? A empatia. O riso ainda antes da história terminar (às vezes antes mesmo de começar), o completar das frases, as coisas que nem precisam de ser ditas porque se adivinham pensamentos. Não sei se relações assim se constroem, se nascem espontaneamente, fruto de um entendimento que escapa à lógica. Sei que funcionamos.
Num ano especialmente complicado para mim o LV foi uma presença constante mesmo quando não estava comigo. À sua maneira cuidou de mim. Num ano particularmente difícil para mim (por motivos vários e frustrações a rodos), o LV mudou-se para longe. Foi atrás da felicidade e encontrou-a. E nem por um momento que seja fiquei triste. Deveria, porque as saudades invariavelmente trazem consigo aquela nostalgia dos dias vazios, dos abraços que tardam, dos reecontros adiados. Pelo contrário, experimentei nestes dias aquele desprendimento que advém da alegria sincera de ver feliz um amigo a quem quero tanto bem, a fazer o que gosta, a singrar na vida, a ser feliz, imensamente feliz por colher o merecido fruto de tanta dedicação.
Já passaram muitos meses desde que entre nós se entrepuseram muitos quilómetros. E curiosamente nunca estivemos tão perto um do outro. Podia descrever o LV com todos os adjectivos do mundo e não chegariam para dizer o que ele é para mim. Cada chamada é um relato do outro lado da vida, da dele e da minha, do desenrolar dos dias, da confissão da saudade, das estórias e peripécias. Cada chamada é sobretudo um sorriso devolvido, porque o LV tem o riso mais contagiante de todos os meus amigos e conta-me as histórias mais patetas que sempre me deixam se sorriso rasgado. Como a de ontem.

LV - Ó sô D. Glória, então vai fazer de quê na peça de Natal da escola?
Sô D. Glória - De Elfo.
LV - De Elfo? Muito bem. Mas de qual deles? É que há vários...
Colega - De elFo mais fraco!!!
 
 
* Texto revisitado, por ocasião do aniversário do meu querido LV. Parabéns, meu grandessíssimo artista mai'lindo e talentoso. Que seja(mos) sempre muito felizes!