Vinha tudo à gargalhada,
Uns por verem rir os outros
E os outros sem ser por nada.
No comboio descendente
De Queluz à Cruz Quebrada...
No comboio descendente
Vinham todos à janela,
Uns calados para os outros
E os outros a dar-lhes trela.
No comboio descendente
Da Cruz Quebrada a Palmela...
No comboio descendente
Mas que grande reinação:
Uns dormindo, outros com sono,
E os outros nem sim nem não.
No comboio descendente
De Palmela a Portimão...
Fernando Pessoa
13-11-1926
Como diria o Gil Vicente, esse grande pândego, muito folguei em ter tido a sua companhia nestes dias que tão rápido passaram. Obrigada pela serenidade, pelas gargalhadas e, sobretudo, pelo sarcasmo tão do nosso apreço.