O melhor d’ A Gaiola Dourada não
são as interpretações maravilhosas de um punhado de actores soberbos, de onde
se destaca a Rita Blanco.
O melhor d’ A Gaiola Dourada não
é estarem lá escarrapachadinhos de modo divertido todos os estereótipos e todos
os preconceitos que teimamos em cultivar em relação aos emigrantes.
O melhor d’ A Gaiola Dourada não
são os cenários exagerados, onde abundam as Nossas Senhoras de Fátima e os
Pastorinhos, os emblemas do Benfas e as bandeiras nacionais, bem ao jeito da «ditadura do General Alcazar» - Fado, Futebol e Fátima.
O melhor d’ A Gaiola Dourada não é o argumento que joga com a língua, divertido, sensível, que emociona e diverte, que põe a nu fragilidades das relações e da condição humana.
O melhor d’ A Gaiola Dourada é
ver na tela a minha própria família. Reconhecer na personagem da Rita e do
Joaquim os meus próprios pais: altruístas, trabalhadores, esforçados, com uma
vida construída a pulso. Ver na personagem da Maria um pouco de mim mesma: espaventosa e
desbocada. Ter um déjà vu na cena das almoçaradas de família, rebuliçosas,
barulhentas, de mesa farta e com toda a gente a falar alto e ao mesmo tempo. Talvez
por isso - por o melhor d’ A Gaiola Dourada ser um pouco o retrato estereotipado e exagerado de mim e dos meus, das
formas enviesadas de gostarmos e de tomarmos conta uns dos outros e por isso me ter deixado a pensar no verdadeiro sentido de se ter e se ser uma família - saí da sala
de cinema de sorriso nos lábios. C’est si
bon!
2 comentários:
Deixaste-me (ainda mais) com água na boca!!
Eu já vi há algum tempo e já via outra vez. Não é uma obra-prima da Sétima Arte, não é um oscarizável, mas, menina, é bem dipostinho, sabe rir-se de si mesmo. E só por isso, por nos relembrar que somos todos feitos da mesma matéria, já vale a pena.
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